Ouvi a voz na fonte
E sonhei que mergulhava
Nos rios voadores
Que vem da Amazônia,
É urgente ouvir o céu.
Sou Flor que resisti nos sertões
Na imensidão dos vales,
Assim sou eu.
Eu vim de dentro do ventre da terra
Não me acerto, nem me engano
E na lua cheia abraço o mar.
As grandes pradarias polares
Anuncia o revolto desequilíbrio.
Predadores de lama
Exploradores sem origem
Filhos ingratos.
Mas,
Recifes de esperança
Resistem,
No escuro mar gelado.
Raízes que se comunicam
Comunidade que se cuida.
Dos grandes espirais de fogo,
Emergem brotos na superfície cinza
E tudo é vida novamente
Cor. Som. Biodiversidade.
Que absorve gás carbono
Enche nossos pulmões.
E manda chuva pros sofridos sertões.
O bicho de concreto é insistente,
Oh gente!
Que espécie esquisita,
Que mata e arrisca
Sua própria espécie a extinção.
Desmonte. Desmatam. Desfaz.
Outrora preservação, não mais.
Me leve daqui minha mãe, me leve.
Os ouvidos não ouvem os céus,
Os pés não pisam mais no chão.
Suas raízes foram arrancadas
Caminhos d’água são desertos em minha face.
Meus olhos já não chovem mais,
Secou!
Secou!
Secou!