Há dois anos, quando acordava semimorto
Em muitas manhãs, diante do peso medonho da estafa,
Deixava de morrer por uns minutos
Quando ouvia uma clássica canção:
Free Bird do Lynyrd Skynyrd.
Rangia na mente ao som das delirantes guitarras,
A vertebra da liberdade, uma potente lâmina que instigava
A vontade de tudo alterar!
No fone de fone de ouvido recarregava a vida em propriedades imateriais.
Eu pensava, pensava mais enquanto ouvia...
As pessoas bovinas vivendo passivamente, obrigações estapafúrdias,
A canção como um pássaro me instigava a voar para bem distante de tudo isso.
Então pensei em individualmente buscar liberdade nessa cidade viúva de alegrias.
Era o momento de explorar florestas sedentas de novos valores.
Era a hora de caçar pujantes paladares e escalar geografias femininas,
Apontar o dedo diante do inimigo e ofendê-lo com múltiplos xingamentos,
Cuidar da proteção do ego e repartir os minutos em flamejantes aventuras.
Era hora de tentar viver mais do que foi permitido,
Lograr o amanhã em mares desalinizados de tédio, acordar na indócil realidade.
Diante da complexidade moderna de se viver nas escrituras das coisas
Tecnocráticas e fugazes, nos trabalhos inúteis e catalisadores de angustias,
Criar um itinerário norteado por prazeres e inquietudes.
Ser um homem que desafia a oca indiferença do mundo.