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Solidão

Solidão
Moisés Silva POESIAS E POEMAS
mar. 21 - 60 min de leitura
030

Linda, és tu uma perfeita e atraente representação gráfica em minha mente, uma estonteante e nítida imagem em minha cabeça (estilo Gioconda), da idealizada e inalcançável mulher perfeita, que vagueia o recôndito da minh’alma; aquela mulher que jamais existiu nos tempos de antanho, não agora! Sim! Uma linda esposa, uma linda donzela, uma linda amante, uma linda amiga, uma linda companheira, uma linda namorada. A personagem perfeita para as obras teatrais de Shakespeare, Sartre ou Arouet; ou a musa incomparável para as novelas mexicanas, tal qual uma Thalía, uma Lucero, uma Gabriela Spanic, uma Leticia Calderón etc., etc....

 Eu seria um exímio catraio se não reconhecesse tua invejável formosura, haja vista esta tua beleza imperiosa, ser duma eficácia descomedida na alimentação de qualquer olho esfaimado à procura de belezas, sim Linda! Você tem este miraculoso poder de sedução em suas mãos, em seu poder, em sua pessoa...

 Faltar-me-ia Linda, argumentos e adjetivos para caracterizar-te sob elogios de exaltação e encômios, precisaria eu, de mil composições poéticas de amor, mais os mil e cinco cânticos de Coélet, para poder alcançar com precisão cirúrgica; como um médico valendo-se de um bisturi ultrassônico em uma cirurgia de pescoço ou de crânio, a incomensurável beleza rara que molda e distingui dos demais, seu belo e perfeito semblante. Ademais nunca vi algo parecido que pudesse se pôr ao mesmo patamar ou pé de igualdade com o teu, sim! — Teria eu, com toda certeza absoluta, irrefutavelmente que visitar outro mundo —, outra atmosfera —, outro planeta —, outra galáxia, para poder encontrar algo ou alguém tão belo/bela o quanto você Linda, mesmo eu sabendo que seria um absurdo gigantesco tal intento intentar...

  A beleza intrínseca e única que circunscreve sua pessoa Linda, é algo que jamais esquecer-me-ei, algo que jamais ei de conseguir alcançar com minhas pequenas e singelas exposições de palavras combinadas, é como se a senhora Beleza noutra instância, noutro ambiente, noutro estádio ou noutra estória dissesse à dona Formosura:

— És tu quem mocinha? Ou és tu o quê? Alguma coisa de outro mundo que ainda não cheguei ao conhecimento?

— E de igual tom de ironia, a dona Formosura respondesse em alto e bom som, duma forma interrogativa:

— E você, minha senhora, quem pensas ser para dirigir-se à minha pessoa, com uma tão inescrupulosa e ridícula pergunta, o quão é esta? Porventura achas tu, ser alguém ou alguma coisa?

— Parece-me Linda, que dentro do diálogo entre a Formosura e a Beleza propriamente ditas, há irremediáveis controvérsias semânticas, entendes? Parece que a Beleza e a Formosura não são amálgamas entre si, parece-me que há um óbice no pensamento de ambas que as impede do unânime consenso, como se, todavia, fossem coisas díspares ao observar este embate discursivo entre ambas. É coma se as duas ficassem brigando o tempo todo entre si, feito duas criancinhas cheias de “mimimi”, para saber quem é a mais bonita ou quem é a mais apreciável; situação complicadíssima esta e de difícil solução! ...

 Vês isto Linda?! O quão paradoxo e concomitantemente ridículo seria, falar sobre a questão de tua natural boniteza, mesmo que eu faça um muito grande esforço para este intento atingir, minhas forças fenecem, de tal forma que meu espírito fica completamente exangue, me é algo totalmente fora de cogitação, (doce aspiração é isto!) que tanto eu almejo um dia conseguir atingir; isto é para mim algo tão quimérico Linda, tão descomunal, tão sinistro, tão feérico, que eu bem poderia proferir indubitavelmente, que sua beleza acaba por se tornar algo totalmente complexo de se mencionar por palavras, assim como Sócrates em seus incansáveis questionamentos com seus pares, para se chegar ao consenso do que venha ser o belo em si,  como também algo concomitantemente fora do campo de abstração de qualquer pincel de pintor, seja este um Da Vinci, um Bacon, um Van Goghe, um Picasso, um Vermeer, um Renoir, um Monet ou seja lá quem quer que for... 

[...] Forçoso é, não reconhecer que sua beleza ultrapassa a destreza perspicaz para captação de imagens, de grandes artistas das grandes artes, como pintores, cantores, escritores e outros, haja vista que uma linda obra de arte da natureza como você Linda, é algo único e exclusivo, realmente algo de difícil representação por coisas tão singelas o quanto é as tintas, as palavras, os sons; coisas tão miúdas o quanto são por exemplo, as retóricas e dialéticas de grandes homens do conhecimento como Cícero e Demóstenes; tua beleza é algo insubstituível e incomparável, eis que é algo de um valor tão alto! Mais tão alto! Mais tão alto! Quanto à altura do Monte Chomolungma, quanto o valor de pequenas centelhas de Trítio, quanto o valor de pequenos fragmentos de Diamante, quanto o valor de um micrograma de Califórnio 252 ou ainda mais alto do que o valor de 1 grama de Antimatéria...

 Sua figura expressa aos meus olhos Linda, todas as sensações inexprimíveis que não consigo lhe mencionar, [...] ah! Linda... eu fico completamente atônito, em estado irreversível de total inércia de sentidos ante a esta visão, assim como Moisés no Horebe ante a Sarça pegando fogo; assim como o Rei Suddhodana ficou ao ouvir do sábio Asita que seu filho Siddhartha seria o dono do mundo como reza a lenda; assim como a mãe de Confúcio que ao peregrinar a montanha Ni-Kieou avistou a vegetação abrindo-se onde logo depois disto ela encontrou os 05 elementos, a saber: madeira, fogo, terra, metal, água e conseguintemente um Unicórnio; assim coma as irmãs Margaret e Kate Fox em 1848 em Hydevislle ficaram ao ver as mesas girando e ouvindo pancadas na casa onde residiam (que coisa apavorante!); como também, Salomão Spaulding ao ver Deus e Cristo lhe fazendo sérias recomendações; ou como Joseph Smith em setembro de 1823, ficou em seu quarto completamente estupefato ante a visão de um varão com roupas brancas e resplandecentes; ou mesmo como a senhora Hellen G. White, ao ver no céu as tábuas dos 10 mandamentos dentro da Arca da Aliança onde o 4º mandamento se destacava dos demais [...] assim eu fico ante a sua visão...

Visão esta, que me muito causa uma indescritível emoção; com efeito, eu posso até compor a ti um poema Linda vindo do meu coração, visto que não sou eu nenhum hipócrita mendaz, mas apenas um amante da verdade; mesmo não sendo eu nenhum Dante Alighieri, ou um Camões, tampouco um Carlos Drummond, ou ainda um Augusto Frederico Schmidt, ou ainda um Edgar Allan Poe, ou mesmo um T.S. Eliot, ou mesmo um Manoel de Barros; todavia, na singeleza deste humilde rabiscador de papéis, escrever-te-ei um poema que lhe expresse a mais pura verdade sobre mim, sobre o que sinto, sobre o que quero, sobre o que desejo, sobre o que espero, sobre o que almejo, sobre o que anelo, sobre meus anseios, ou seja, meus amor e sensação por tu na mais pura realidade, oh! Minha amada e eterna namorada:

 

                          Deixa-me acariciar-te sob beijos...

                          Sussurrar-te meu amor aos teus ouvidos,

                          É o que mais anelo com esses desejos,

                          Com que te zelo e o porquê de meus sorrisos.

 

                           Deixa-me eterniza-la em teu coração:

                           A doce fragrância, emanada e transfundida

                           Desta canção, por que estou fazendo menção

                           E que realmente ablui, toda uma vida.

 

                            Deixa-me também, abluir tua alma.

                            Balsamo quero nela pousar sem rodeios,

                           Corroborar a ela, com sentimentos de calma.

 

                            Deixa-me emaranhar-te ao meu espírito,

                            Agrilhoando-te junto ao meu sentimento de paixão,

                            Que gane dentro de mim, feito periquito.

O AMANTE APÓS EXALTAR A AMADA, AGORA A OBSERVA.

[...] Visto que admirar-te Linda, é para mim uma indizível experiência fenomenal, sempre que me pego à apreciar-te em minha mira ocular... Assim como deslumbrar o vasto oceano sentado na beira de uma praia como a de Fernando de Noronha (sem igual!); assim como admirar as incontáveis e diferentes paisagens no universo por um Mega telescópio como o Fast; assim como admirar as miríades e miríades de estrelas e constelações no céu, como o Órion, o Cruzeiro do Sul, as Ursas etc., etc.... assim como admirar a exacerbada quantidade de componentes que moldam e configuram o corpo do ser humano, desde os minúsculos gametas masculinos até mesmo os tecidos de pele do corpo, a derme e a epiderme por ex.; assim como admirar a colossal fauna mundial repleta por díspares e incontáveis espécimes de animais, alguns até mesmo ainda não catalogados e outros já em extinção; ou ainda, admirar-te Linda, para mim é algo tão único! Como atentar para as diversificadas floras que circunscrevem o globo terrestre (como são lindinhas, não achas Linda?).  

  Eu sei! Eu sei! Eu sei que não sou nenhum Galileu, tampouco, um Darwin ou até mesmo um Mendel, ou um Lamarck, para estar aqui articulando sobre tais assuntos, contudo, porém, sou eu apenas um apreciador das belas obras de arte criadas pela mãe natureza, assim como já dizia Aristóteles em sua Política, sobre as criações da natureza, que na realidade proveio esta do Big Bang, que proveio da criação de Deus, que não foi criado por nada, todavia, sempre existiu na eternidade segundo o axioma da religião sobre a existência d´Ele; quiçá eu seja muito mais que um apreciador das belas obras de arte da natureza, quiçá eu seja um eterno amante dessas pequenininhas coisinhas maravilhosas, únicas e exclusivas, que são quase que imperceptíveis aos desatentos e inaptos olhos menos requintados.

 Oh! Linda, quão belas e graciosas são, as lapidares linhas que tracejam o seu esbelto e uniforme corpo (é de dar inveja as estátuas de Michelangelo, diga-se de passagem), seu aprazível rosto, melhor me é do que o de Angelina Jolie, do que o de Madona, do que o de Penélope Rainha de Ítaca, do que o de Helena de Tróia, do que o de Gisele Bündchen, do que o de Lucia Tavares Petterle, do que o de Stephanie Del Valle; mesmo sedo esta minha subjetiva opinião e não objetiva, eu tenho total ciência disto Linda —, (não me queiram mal os fãs das outras), pois não estou legiferando sobre o tema beleza, todavia, estou sendo o mínimo suasório possível, para que ao invés de falar sozinha minha convicção mais alto, falem mais baixo por si mesmas, mas à guisa incontroversa, as evidências externas de teu semblante e as cabais provas recolhidas pelas perquirições executadas pelo meu amor por ti ao longo dos tempos em que estivéramos juntos, tu e eu no pretérito mais distante que posso recordar-me! Sendo estas provas, extremamente eficazes e incontroversas de tua inigualável beleza, tão maciças o quanto o cimento, o quanto o adamantino, o quanto o diamante, o quanto as rochas...

 Eu bem que poderia renunciar a qualquer momento Linda, esta torturante e constante avidez insubmissível, de a todo custo tê-la em meu regaço, tal qual um aio acalenta com muito amor e ternura um dos rebentos de seu amo; antes, porém, não fosse meus enganosos e indomáveis par de olhos profundos e castanhos esverdeados, ter-te fitado naquela fria e úmida tarde de domingo, em que sentada estavas tu, em um pequeno banquinho de madeira envernizado e um pouco arranhado nas laterais do pé devido as incontáveis quedas de percurso, lembras tu disto Linda? Estavas tu defrontes àquela velha casa verde musgo estilo mausoléu, com alguns poucos tijolos perto da janela da lateral esquerda quebrados, igual àquelas casas velhas de cortiço, sim! Ali estavas tu à meditar seriamente, duma forma peculiar indestrutivelmente, naquele velho livro empoeirado e sem capa de Aluísio Azevedo chamado: O cortiço, foi amor à primeira vista Linda, eu recordei-me naquela hora nitidamente, quando em minha primeira vez em que o mesmo livro eu o li na escola de ensino primário e secundário Marechal Rondon, lááá... em Vilhena estado de Rondônia, terra do Tacacá, do Doce de Buriti, da Caldeira; antes, porém, não fosse, minha teimosa e precipitada alma ter-se enamorado com a tua, ao ponto de uma agarrar a mão da outra e não soltar de forma alguma aonde quer que a outra vá, igualzinho Eliseu e Elias antes do redemoinho e as carruagens de fogo; antes, porém, não fosse, meu torneado e incontrolável corpo preterir qualquer outro corpo e somente preferir sempre!... Sempre! ... o teu, ao passo que ele se enche de náusea e repulsa perto de outro corpo, que não sejas o seu excecional corpo; antes, porém, não fosse minhas robustas e firmes mãos de Desossador bovino, só se contentar ao acariciar tão somente a sua macia e efluviosa pele cor de pêssego e cheiro de plumeria, dum jeito que debalde já briguei e debati com elas amiúde, mas não teve jeito, não resolveu, elas ainda continuam teimosas, com suas frontes de ferro obstinadas; antes, porém não fosse, meus carnudos e molhados par de lábios cor de maçã, ter se encontrado com o seus lindos lábios pequenos e macios naquele dia de chuva e só se contentar com o incomparável doce sabor exclusivo, que emana somente de sua pequena e graciosa boca, (e que boca inesquecível!).

 Linda... oh! Minha exuberante e tenra Linda... como a idealizei em meus incontáveis pensamentos, assim com Machado de Assis idealizou a mulher inalcançável em seus romances; agora entendes tu, aquela minha pusilanimidade em entregar-me totalmente a ti, ou seja, ao teu amor? — Era um receio que assombrava e assolava meu coração, de por ter-te idealizado tanto, tu acabasses por rejeitar-me...

 Como a busquei Linda, por díspares e inumeráveis vias, logradouros, avenidas, travessas, becos, ruas, esquinas, quadras; tal qual um policial em busca de um réu impenitente em estado de evasão (perdi as contas de quantas foram as vezes em que, às portas de sua mãe bati!) ...

Como pelo seu amor submeti-me à incansáveis diligências assíduas sem nenhum tempo para o ócio; tal qual um filósofo em busca da verdade, rebusca, revira, esmiúça, minuciosamente todos quantos livros puder, até seus últimos dias perecendo desfalecido, do excesso de carga da consecução de verdades ou mesmo de mentiras...

Como por ti, dei ordens amiúde ao meu coração, para que se não atrevesse de todo, aviltar-se, inclinando-se para outra que não fosse tu, mesmo estando eu a par da severa recomendação outrora pronunciada pela boca de Nietzsche, sobre o homem amarrar bem seu próprio coração, fazendo deste um manietado prisioneiro, destarte, permitindo ao espírito muitas liberdades; assim como está esta máxima de Nietzshe ao par, das recomendações do próprio Paulo em suas Epístolas, quando ele recomenda a todos os homens se puderem permanecerem como ele mesmo em status quo de completa abstinência de casamento e consequentemente prazeres sexuais, para poderem desta forma, evitar tribulação na carne...

Como por ti minha Linda, cheguei ao estado mais baixo que se pôde no passado caracterizar-se um ser humano, ou se pode no presente século caracterizá-lo, de tal sorte esta, que envileci toda minh´alma, todo meu espírito, toda a minha vida, em congêneres e oprobriosas atitudes de um eterno apaixonado, um eterno poeta, um eterno “tenor” do amor; tal qual um incomparável Oséias, filho de Beeri, que teve de amar uma “mulher da vida” (sem comentários!). Mesmo assim! Mesmo assim minha Linda, não consigo emascular de meu coração estes sentimentos, não consigo castrar de minha alma esses desejos que não me são ignotos, todavia, me são apodíticos. Este é o meu obséquio inegável, que sempre para ti guardei e que sempre para ti guardarei...

 Com efeito, ainda continuo nutrindo estes sentimentos de amor e desejo por sua pessoa Linda, adubando-os e regando-os com muito esmero e carinho, como um hortelão orgulhoso de seu trabalho, que cuida da horta de seu senhor em uma fazenda; como alguém que afinco, durante toda uma vida consagrada ao estudo de uma disciplina, estudando Engenharia Agronômica por ex., com o intuito de torna-se um perito naquilo que mais tem anelo, para conseguintemente ter condições bem solidas para saber exatamente no “terreno em que pisa”; como o próprio Rei do gado contente e orgulhoso de sua grande boiada mesmo depois de amarrar um boi em cada pé de café do Rei do café lhe sobrando ainda uma grande boiada...

O AMANTE RELEMBRA-SE DAS AVENTURAS DO PASSADO COM SUA AMADA.

[...] Jamais esquecer-me-ei Linda, daqueles nossos passeios matutinos mata adentro nas florestas de Rondônia. Quão belas e incontáveis paisagens eram aquelas, quais nós desfrutávamos e desbravávamos juntos incansavelmente, você se lembra? Lembra-me perfeitamente Linda, aquele dia em que tu e eu apeamos de nossos velozes quadrúpedes crinudos, na beira de uma linda fonte de águas cristalinas, um pouquinho “geladinhas” confesso, estavam aquelas águas, devido haver uma quantidade muito grande de sombra emitida pela exacerbada quantidade de árvores e arbustos que circunscrevia aquela região, mui precisamente àquela fonte de águas em que nos achegamos... sim! Um verdadeiro lugar paradisíaco algures, que não dou o endereço a ninguém, diga-se de passagem, este lugar é só nosso Linda! ...

 Outrossim, estava muito quente o dia, uns 39º graus mais ou menos, o céu estava com uma pequena quantidade de nuvenzinhas, a umidade relativa do ar me parecia mui baixa, quase que inexistente e/ou imperceptível, pouquíssimos ventos nos cortava as cabeleiras de quando em quando, era por volta de umas 11:00 da manhã aproximadamente; como pode fugir-me da memória aquela doce e nostálgica lembrança, aquela vivida imagética que enraizou-se de vez no solo de minha mente; — você feito uma menina travessa pulado e sapateando dentro daquelas águas descalça, erguendo duma forma graciosa e ao mesmo tempo delicada, as pontas do seu belo vestido de passeio... sim! — Aquele vestidinho vermelho decorado com toda sorte de flores tropicais coloridas, com alguns furinhos na orla e uma discreta manchinha branquinha de água sanitária, bem em cima do ombro direito —, ah! Linda, como foi mágico aquele dia, principalmente quando depois de você dar-me uns belos esguichos de água com a concha que suas graciosas e pequenas mãos formavam, eu acabei-me por ser despertado como que de assalto, do sono de embriaguez facultado pelo vinho chamado de sedução; — exatamente na hora em que eu estava recostado a um pé de Buriti já de idade bem avançada, observando minunciosamente com todo cuidado de guarda-costas, seu deleitoso banho naquelas águas, quando de repente tu viras e atinge-me com um pouco de água apanhando-me de surpresa, [...] todavia, depois de muito resistir, finalmente cedi as suas petições (pois como resistir àquele seu olhar mavioso, com que me pedias tal petição?), e entreguei-me a banhar o corpo naquelas frescas e brilhosas águas juntamente contigo...

[...] Aquele ambiente não tem outro ao mesmo pé de igualdade (ai sou obrigado a concordar com B. F. Skinner em sua concepção sobre a influência que o ambiente exerce sobre nós), algo que é totalmente fora das loucuras e “correrias” do ambiente de cidade grande, tipo São Paulo, Curitiba, Distrito federal etc., etc., um lugar que não é nem de longe, as latrinas que são as muitas grandes metrópoles em muitos lugares algures, não só algumas cidades grandes por exemplo do Brasil, da Corea do Norte, do Afeganistão, todavia, e sobretudo, várias metrópoles do mundo inteiro...

O AMANTE CANTA UM POEMA DE COMPARAÇÃO PARA A AMADA.

Linda, por ora finjas que eu sou teu Júpiter e eu fingirei que tu és minha Juno...

 Finjas que eu sou teu Eros e eu fingirei que tu és minha Psyche...

 Finjas que eu sou teu Adónis e eu fingirei que tu és minha Afrodite...

 Finjas que eu sou teu Páris e eu fingirei que tu és minha Helena...

 Finjas que eu sou teu Hades e eu fingirei que tu és minha Perséfone...

 Finjas que eu sou teu Orfeu e eu fingirei que tu és minha Eurídice...

 Finjas que eu sou teu Apolo e eu fingirei que tu és minha Daphne...

 Finjas que eu sou teu Perseu e eu fingirei que tu és minha Andrómeda...

 Finjas que eu sou teu Zeus e eu fingirei que tu és minha Hera...

 Finjas que eu sou teu Rama e eu fingirei que tu és minha Sita...

 Finjas que eu sou teu Arjuna e eu fingirei que tu és minha Draupadi...

 Finjas que eu sou teu Shiva e eu fingirei que tu és minha Parvati...

 Finjas que eu sou teu Krishna e eu fingirei que tu és minha Radha...

 Finjas que eu sou Teu Marte e eu fingirei que tu és minha Vênus...

 Finjas que eu sou teu Aeneas e eu fingirei que tu és minha Dido...

 Finjas que eu sou teu Artur e eu fingirei que tu és minha Guinevere...

 Finjas que eu sou teu Tristão e eu fingirei que tu és minha Isolda...

 Finjas que eu sou teu Osíris e eu fingirei que tu és minha Isís...

 Finjas que eu sou teu Anúbis e eu fingirei que tu és minha Anput...

 Finjas que eu sou teu Geb e eu fingirei que tu és minha Nut...

 Finjas que eu sou teu Set eu fingirei que tu és minha Anat...

 Finjas que eu sou teu Hórus e eu fingirei que tu és minha Hathor...

 Finjas que eu sou teu Hagbard e eu fingirei que tu és minha Signy...

 Finjas que eu sou teu Thor e eu fingirei que tu és minha Sif...

 Finjas que eu sou teu Balder e eu fingirei que tu és minha Nanna...

 Finjas que eu sou teu Bragi e eu fingirei que tu és minha Iduna...

 Finjas que eu sou teu Odin e eu fingirei que tu és minha Frigga...

 Finjas que eu sou teu Njörd e eu fingirei que tu és minha Skadi...

 Finjas que eu sou teu Salomão e eu fingirei que tu és minha Sulamita...

 Finjas que eu sou teu Martim e eu fingirei que tu és minha Iracema...

 Finjas que eu sou teu Evangelista e eu fingirei que tu és minha Creusa...

 Finjas que eu sou teu Estácio e eu fingirei que tu és minha Helena...

 Finjas que eu sou teu Bentinho e eu fingirei que tu és minha Capitu...

 Finjas que eu sou teu Liévin e eu fingirei que tu és minha Anna...

 Finjas que eu sou teu Álvaro e eu fingirei que tu és minha Isaura...

 Finjas que eu sou teu Príncipe William e eu fingirei que tu és minha Kate     

 Middleton...

Finjas que eu sou teu Zadig e eu fingirei que tu és minha Astartéia...

 Finjas que eu sou teu Adão e eu fingirei que tu és minha Eva...

 Finjas que eu sou teu Sol e eu fingirei que tu és minha Lua...

O AMANTE APÓS CANTAR O POEMA DE COMPARAÇÃO PARA SUA AMADA, AGORA CONTA-LHE UMA BELA HISTÓRIA DE AMOR.

Linda tu és a Pupila dos meus olhos, o doce encanto dos meus desejos, a joia rara de minha joalheria, um conjunto suntuoso de esplendorosas qualidades retidas em um só “organismo”, o meu docinho de mel, o meu docinho de coco, o meu pé-de-moleque, a minha rapadura de caiana, a minha geleia de mocotó, o meu doce de goiabada com queijo verde, a minha doce cocada, a tampa de minha panela... sim! Sim! Mil vezes sim! Você representa isso tudo para mim...

[...] Linda, depois desse pequeno encômio à ti, tenho algo muito importante a dizer-te agora: um velho conselheiro e amigo meu chamado Sócrates, com quem eu inúmeras vezes ia ter em sua humilde e singela casa, qual ele graciosamente intitulava de “a caverna”, porém abarrotada por toda sorte de livros, enciclopédias, dicionários em uma velha estante de marfim; certa feita contou-me a linda história de amor de um casal de jovens apaixonados, a jovem Bate-Seba e jovem Michael Arcanjo que viveram uma história de amor proibida...

 Eram eles um pouco imaturos obviamente, pela pouca idade que possuíam, pensavam muito pouco nas consequências de seus atos obrados, ao passo que vez por outra, se encontravam às escondidas em um casebre abandonado que ficava à algumas léguas da casa do pai da moça, o seu Ulisses. Todavia, às claras não poderiam eles de forma alguma se encontrarem, tendo em vista terem eles um grande estorvo que os impediam de ficaram juntos e eu ei de contar-te um pouco mais adiante o porquê deste estorvo...

 Eu ei de resumir essa linda história de amor proibido para você Linda, para te não causar de maneira nenhuma, nenhum desconforto devido a exiguidade de atenção que às vezes o infortúnio de uma prolongada história contada, pode acarretar aos ouvintes.

 Esta história linda de amor Linda, me muito chamou à atenção e contigo quero eu compartilhá-la, pelo fato de ela ter começado como a nossa, porém em contrapartida, ter chegado ao fim duma forma dessemelhante à nossa...

— Tudo começou — dizia-me com muita eloquência e muito carisma Sócrates.

            — Em meados dos anos de 1980, quando o Dr. Friedrich Engels juntamente com sua esposa Margarett Engels e seu filho único Michael Arcanjo Engels, vieram da Alemanha especificamente do maior estado do país Alemão o estado de Renânia do Norte-Vest Fália, para o Brasil. Quando aqui no Brasil esta nobre família burguesa de alemães chegou, a primeira cousa que fizeram foi logo se hospedarem em um hotel em Copacabana.

 Um hotel bastante abastado no que diz respeito aos serviços oferecidos para os seus hospedes, um dos melhores da rede hoteleira do Rio  de Janeiro, um quadro de funcionários extremamente qualificado e polido para tratarem bem seus hospedes, um serviço de refeições com cardápios variadíssimos para todos os gostos e desejos, quartos equipados com todo tipo de conforto que o dinheiro pode comprar, desde camas com colchões extremamente confortáveis, lençóis de seda de Muga de Assam e de cashmere tibetano, cobertores de pele de animais e banheiros grandes com decorações importadas da Europa; ou seja, para resumir um legitimo hotel 5 estrelas.

 O Dr. Engels era um proeminente Senador Federal atuante —, dizia-me Sócrates com a “boca cheia” e um brilho nos olhos incomparável, era como se fora fã do dito cujo homem, o tal Engels.

— Com seus bem vividos 56 anos de idade, nascera e vivera toda a sua vida na Alemanha, cercado por toda sorte de bons cuidados e regalias que uma boa vida de descendente de judeus aristocratas pode conferir à alguém, praticamente no ínterim de toda sua mocidade e sua fase adulta, passara com a “cara” enterrada nos livros adquirindo cultura o suficiente para chegar aonde está agora aqui no Brasil; como um diplomata, veio ao Brasil por motivos de negócios, por não muitos dias... bem, era o que ele pensava inocentemente...

Sua esposa a Sra. Margarett Engels era uma doce pessoa, sempre afável com as outras pessoas, meiga e serena, passava boa parte do seu tempo debruçada sobre os tricôs que tanto a agrilhoava ao sofá por horas intermináveis —, de repente Linda! Interpolei o discurso dialético com que Sócrates por toda lei tentava ensinar-me algumas verdades e convencer-me sobre algumas coisas importante da vida, como que por um ímpeto, contudo, porém, como sempre me ocorria em minha ansiedade juvenil e imatura e fui logo lhe interrogando sobre o jovem Michael Arcanjo Engels, eu queria saber tudo sobre o jovem e sua paixão proibida...

 Sócrates, como um perfeito cavalheiro aferidor de saberes como ele era, repreendeu-me duma forma amistosa e disciplinar como lhe era costumeiro fazer.

— Calma meu bom e dileto amigo ouvinte, não sejas tu um neófito na arte da aprendizagem, tu já ouviste o suficiente de minha parte até os dias hodiernos para erroneamente procederes de tal maneira, não queiras ir logo degustar as últimas laudas deste saboroso livro que estou a descortinar-te e pôr  nu diante dos olhos de sua mente, que mais parece um banquete à la carte, sem primeiramente saborear o seu começo, o “tira gosto” que é de igual forma uma parte tão importante da história o quanto é o final da mesma.

— Sócrates prosseguiu dando-me informações sobre os dados biográficos das personagens. Disse-me ele:

 — O Dr. Engels nos primeiros dias em que aqui no Brasil estivera, tratou logo de resolver seus negócios de trabalho com a prefeitura da cidade pois era um homem muito responsável e pontual com seus compromissos, seu filho Michael Arcanjo, um acadêmico estudante, que estava cursando o último semestre de Direito, passava boa parte do seu tempo ocioso a passear pelas vilas e favelas, subjaz a um maltrapilho disfarce, para não ser reconhecido como quem realmente era.

 Depois de passadas 7 semanas, o jovem chegou no hotel em que eles estavam hospedados e foi logo dizendo ao seu velho pai e a sua mãe:

— Eu não ei de retornar convosco para a Alemanha amanhã!

— Como é que é?! — Perguntaram simultaneamente e aterrados pelo impacto da notícia, os pais do mancebo.

— Eu disse que não vou mais embora para Alemanha, permanecer-me-ei aqui no Brasil, onde quero a partir de agora residir.

— A mãe do rapaz correu em fuga desesperada para o quarto, onde se desfez em grandes e comoventes prantos de dor — disse-me Sócrates.

— Eu vou me casar papai.

— Como assim?! — Espantado interrogou seu filho o Dr. Engels.

— Conheci uma jovem mulata, que me muito enlevou o coração papai e com ela eu ei de me casar.

— A família dela é de que classe?! Média ou alta?! — Perguntou com tom agudo e meio espantado o pai do rapaz.

— Após um pequeno e desconfortante silêncio que pousou sobre aquele ambiente em que pai e filho reunidos estavam — disse me Sócrates:

 — O rapaz respondeu a indagação de seu pai com as seguintes palavras:

— Não papai, ela mora em uma favela e pertence a uma família muito humilde.

— Seu filho de uma perversa! — Esbravejou o Dr. Engels — eu não acredito nisto?

— Papai já tomei minha decisão! — Replicou o rapaz.

— Depois de tudo que eu fiz por você rapaz, escolas particulares de primeira linha, cursos e mais cursos de idiomas, você agora traz-me sobre a abobada da minha cabeça tão grande e atroz desgraça, prefiro te ver morto à casado com uma negra ainda por cima uma pobretona! ...

— O Dr. Engels não queria que seu filho Michael Arcanjo se casasse com uma mulher pobre, semianalfabeta e para um maior ultraje ainda do velho alemão nazista descendente de judeus de família tradicional, era Bate-Seba uma negra, o que na época era algo que poderia fatalmente denegrir a reputação de qualquer político esquerdista e nazista, como o Dr. Engels.

 Já fazia uns poucos dias, que o casal de “pombinhos” estavam se encontrando em um velho casebre que se localizava à algumas léguas de distância da casa da moça, isso é claro que contra a vontade do seu Ulisses Pai da moça, homem este de respeito e muito conservador dos bons costumes da boa família, que com toda certeza absoluta jamais iria comungar com tal comportamento réprobo e obsoleto com que aquele casal de jovens loucos e enamorados estavam a perpetrar.

— Amanhã papai — disse com ar de muita coragem e decisão o jovem Michael ao seu pai:

 — Eu irei até a casa de minha pretendida, pedir a sua mão ao seu velho pai.

— Então este desígnio que pousastes em teu coração, não irás ficar em estado de ócio enquanto o mesmo não concluir não é mesmo rapaz?

— Papai eu sei que o senhor não aprova meu amor por minha amada mulata, como sei  também que irei perder meu último semestre de Direito, que é o que mais o senhor desejava que eu fizesse, mamãe irá ficar por muito tempo sem a palavra à mim dirigir; mas o que fazer papai se o amor que eu sinto por Bate-Seba está à inflamar-me e implodir-me por dentro; muito mais forte do que eu é este amor papai; mais duro ele é do que o diamante; esse amor é muito mais penetrante do que catana e mais quente ainda do que próprio calor do núcleo da Terra de 5000º C...

— O dono daquele hotel em que eles estavam hospedados, era o senhor Descartes “o alienado”, as pessoas e os funcionários do hotel deram a ele este epíteto pois, vez por outra quando nas poucas vezes em que ele ali nas imediações do hotel se encontrava, sempre muito pensativo e introvertido, às vezes dizia uma ou outra palavra sobre um tal “discurso do método” que ele descobrira, de intender sobre as coisas da vida e um tal “Gênio Maligno”. — Muito estranho este tal de Descartes não achas Sócrates? Disse eu ao meu narrador, interrompendo-o por mais aquela vez...

 — No dia seguinte — prosseguiu Sócrates —, o rapaz realmente foi ter com o seu Ulisses, chegando na velha casa da moça entrou e foi logo cumprimentando com um caloroso aperto de mão o pai da moça e disse:

— Bom dia, senhor Ulisses tudo bem com o senhor? Eu me chamo Michael Arcanjo Engels, e vim hoje em sua residência para pedir-lhe a mão de sua filha Bate-Seba em casamento.

— Porém, para a profunda tristeza atroz de Michael e para a revolta dorida de Bate-Seba, seu Ulisses não lhe foi recíproco na mesura com que Michael o saudou, de sorte que também não lhe concedera a mão de sua jovem e casta filha, outrossim, com tom muito inflamado e figadal, foi logo dizendo ao rapaz:

— Olha rapaz minha filha não está em idade marital, tampouco está disponível para casamento, por isso vou logo lhe dizendo, que com ela tu não se casa e se inda insistires, com toda certeza cairás na “boca” de uma espingarda, então vá logo as plantas dos pés tirando, o mais depressa possível de dentro desta casa.

— Nordestino “roxo” como o era seu Ulisses diferentemente de outros povos de outros estados brasileiros, muito bravo e às vezes um pouco rude come lhe era peculiar, foi logo barrando aos berros as esperanças que brotavam de dentro do peito do rapaz, de poder casar-se com sua filha, a linda mulata Bate-Seba.

— Aquelas ásperas palavras taxativas, atroou dentro da alma do rapaz duma forma sem igual, triste, cabisbaixa, meio envenenado pelo sulco da rejeição misturado com o esculacho com que o pai da moça o serviu e o brindou, o rapaz saiu daquela velha casa totalmente destruído e desvanecido, por receber tão dura receptiva de alguém que mais lhe parecia naquele momento, um Leviatã, um Beemote ou um monstro sinistro de outro planeta. — Disse-me Sócrates.

— Pois bem! — Disse consigo mesmo o rapaz —, já que o amor de Bate-Seba me é furtado pelo seu pai, eu irei de seu pai furtá-la também, nem que isso me custe a vida...

— No dia seguinte — disse me Sócrates —, o rapaz escreveu um bilhetinho para Bate-Seba e pediu para Kant entregá-lo em mãos, Kant era um amigo que Michael fizera no hotel, rapaz este muito inteligente e muito desinquieto se o assunto das suas discussões com seus pares versa-se sobre coisas metafísicas. No bilhete continha as seguintes palavras:

Fujas comigo hoje meu amor, para onde o destino nos levar e amanhã estaremos juntos unidos eternamente pela força inquebrável e imperecível do nosso amor, que com toda certeza há de vencer mais este minúsculo obstáculo que nos impede de amar-nos para sempre.

 Estarei defronte ao Aeroporto Santos Dumont às 14:45 exatamente, lhe esperarei com toda certeza, se vieres sei que realmente me amas e pelo seu amor sou mesmo correspondido, todavia, se ao menos este bilhete que por mãos de meu amigo Kant, que hoje há de receber, não mo responderes, sei que posso seguir meu destino para outro lugar bem longe de ti, onde poderei viver em desdita, minhas tristezas e angustias por não ter você comigo eternamente; junto com este bilhete lhe envio também o dinheiro para as despesas com o táxi, te amo amor da minha vida...

  1. Michael Arcanjo Engels.

— O fiel amigo de Michael o “ilustre” Kant como era conhecido o jovem rapaz que muito gostava de bilhar, saiu bem cedinho, pois uma de suas melhores qualidades era a pontualidade, por volta de umas 6:43 da manhã mais ou menos, não queria atrasar-se, então foi logo cedo dirigindo-se à favela em que morava Bate-Seba, não sabia Kant o que aquele longo e turbulento dia reservara para ele...

 — Será que é esta mesma a rua da casa de Bate-Seba, ou será que eu deveria ter virado na segunda entrada antes do beco 15?

— Kant havia se perdido em meio as tantas vielas que circunscreviam a região da favela da Roça onde morava Bate-Seba —, disse-me Sócrates.

— Eu sabia! ... estou mesmo perdido e agora?!

 — Para maior tristeza de Kant —, disse-me Sócrates — começou a chover e trovejar muito e já eram 12:00 horas, quase no horário do encontro de Bate-Seba e Michael no aeroporto.

 Rapidamente pegou com muito cuidado o envelope e guardou-o num sapicuá, deu meia volta, caminhou alguns passos para o caminho contrário ao qual estava fazendo e deparou-se para sua boa ventura, com um amigo de Bate-Seba o Christian Wolff, que naquele dia serviu como uma luz para Kant, pois levou o mesmo até a residência de Bate-Seba por um caminho mais rápido e menos perigoso.

 — Muito obrigado Wolff por me trazer até aqui.

— Por nada Kant.

— Bom, depois de toda a turbulência deste dia, minha missão ainda não está finalizada, preciso entregar este bilhete à Bate-Seba o mais rápido possível... a casa dela é logo ali na frente, acho que deve estar em casa agora.

— Kant chegou em casa de Bate-Seba e logo bateu na porta, para ver se alguém o atendia.

— Toc! Toc! Olá, tem alguém em casa?

 Oi tudo bem? Você deve ser a jovem Bate-Seba correto?

— Sim, sou eu!

— Disse a jovem assustada, com aquela figura toda molhada em sua porta, ou seja, o jovem Kant.

— Meu nome é Kant e eu venho trazer-te um bilhete de Michael Arcanjo, pegue-o.

— Kant como havia prometido para seu amigo, entregou o bilhete nas mãos da moça, que muito sorridente pegou-o sem demora e meio atrapalhada, foi logo abrindo-o.

 Ao receber o bilhete, a moça sem pestanejar e escondida de seu Pai, foi logo se aprontando para partir com o seu amado, para um lugar alhures que nem mesmo ela sabia ao certo onde era, contudo sabia perfeitamente que o que ela mais almejava naquele momento era exatamente viver aquela história de amor com o seu eterno amado a todo custo.

 Quando ela já havia aprontando-se para partir naquela alucinante e “eletrizante” aventura de amor, chamou por um táxi que a pegou à algumas esquinas de sua casa, porém, quando a linda mulata já estava a caminho do aeroporto a encontrar-se com seu eterno amado, o destino lhe reservara um certo contratempo, que quase por um instante ofuscou de sua alma as esperanças de viver aquela linda história de amor. De repente o táxi que havia tomado furou o pneu bem na metade da trajetória.

— Vixi moça! Parece que vamos nos atrasar, o pneu do carro furou.

— Mas e agora moço o que eu faço?! Eu não posso me atrasar preciso estar no aeroporto exatamente às 14:45.

— Calma! Calma! Eu já sei o que vou fazer, vou pedir ajuda na beira da rua, para todos os motoristas que por aqui passarem ta bom?

— Tudo bem então.

— No interim daquela difícil situação —, prosseguia Sócrates com a narrativa — o tempo já se estava se tornando exíguo, já eram 14:00 da tarde e nada de alguém parar para ajudar.

 De repente um outro taxista ao longe avistou aquele táxi no acostamento daquela avenida e diminuiu a velocidade até parar perto de onde estavam a jovem Bate-Seba e o taxista.

— Olá! Tudo bem? O que houve com o carro?

— Então amigo eu estou com esta jovem cliente de passageira e meu carro está com o pneu furado, será que o senhor não poderia me ajudar, levando-a até o seu destino final, o aeroporto?

— Mas é claro que sim amigo, vamos lá moça!

— Faltava bem poucos minutos, para às 14:45, quando de repente começou a cair um outro “pé-d’água” — disse-me Sócrates.

— Moça! Devido esta chuva estar muito forte eu vou ter que reduzir a velocidade.

— Nisto só aumentava a ansiedade de Bate-Seba de chegar logo ao aeroporto e encontrar seu amor.

— Tudo bem, mas não vá muito devagar pois tenho que chegar exatamente às 14:45 ao aeroporto é questão de vida ou morte!

— Atenciosamente o taxista atendeu ao pedido da mulata, e de conformidade procedeu com a sua solicitação. Enquanto isto no aeroporto estava Michael pensativo e cabisbaixa, meio contristado pela situação.

— Já são 14:30 e nada dela aparecer! — Dizia consigo mesmo o já desesperançado rapaz, o jovem Michael.

 De repente o rapaz avistou uma pequena mulata sair de um táxi amarelo com uma faixa azul na lateral, quando mirou melhor, percebeu que era sua amada que, não obstante estar caindo muita chuva do céu, sorridente vinha correndo ao seu encontro, sem mais delongas ele também correu ao encontro da moça para abraçá-la e congratular-se com ela por aquele encontro maravilhoso.

— Eu sabia que realmente tu me amas, Bate-Seba!

— Sim eu te amo muito meu amor, eu quero muito me casar com você, nem que para isto tenhamos que fugir para bem longe de meu pai!

— Os dois jovens apaixonados subiram a bordo do avião e foram direto para Nova Iorque, onde ali se casaram e construíram uma linda família juntos, tiveram um casal de filhos, o pequeno Leibniz Arcanjo Engels e a pequena Cecília Meireles Engels, viveram todo o restante de suas vidas na grande Nova Iorque, onde Michael retomara seus estudos como Advogado, formando-se conseguintemente e seguindo uma proeminente carreira como Advogado de uma grande Multinacional, a famosíssima “Sociedade Sem Preconceitos e Sem Fronteiras Para o Conhecimento a Todos Ltda”, empresa esta que atuava no ramo da qualificação intelectual de professores e acadêmicos.

 As famílias dos dois “pombinhos” tiveram notícias dos dois, anos mais tarde, o seu Ulisses nunca havia conseguindo perdoar sua pobre e apaixonada filha, até o exato momento em que recebera da mesma, anos depois do ocorrido, umas cartas com pedidos solenes de desculpas e algumas fotos de Leibniz e Cecília fazendo travessuras dentro de casa; desmanchou-se em lágrimas e sorrisos de alegria o velho carrancudo ao ver as fotos de seus netos brincando e fazendo travessuras, especialmente por ter dentre as fotos, uma em que o pequeno Leibniz brincava com uma fantasia de cangaceiro e uma pequena espingarda de brinquedo.

 O Dr. Friedrich Engels havia voltado para Alemanha onde anos depois de muita cólera e amargura que estava sentido por causa do que havia feito seu filho, acabou por adoecer de uma fatal enfermidade no seu aparelho digestivo, onde teve que ser internado em um hospital particular de onde iria sair somente para o cemitério.

 Michael ao saber do ocorrido foi sem demora visitá-lo e pedir-lhe o seu perdão, pois depois do tal ocorrido em Copacabana nunca mais os dois houveram trocado sequer palavra alguma.  

  Ao chegar no hospital em que seu velho e enfermo Pai estava a desfalecer-se sob atrozes dores e agonias, Michael chorou muito e pediu desculpas a seu Pai que prontamente o perdoou, sua mãe estava sentada ao lado do Dr. Engels observando atentamente o diálogo que ocorria entre Pai e filho, muito comovida com a sena não conseguiu conter-se e logo as lágrimas lhe rebentaram nos olhos.

 Assim terminou esta linda história de amor de dois jovens apaixonados meu bom amigo —, encerrando assim Sócrates a história e me dando alguns conselhos — jovens estes que tiveram de enfrentar grandes obstáculos financeiros, sociais e até mesmo culturais para poder se amarem e serem felizes; por isso, lembre-se sempre do que este velho amigo e conselheiro irá te dizer agora: o tempo passa e não para, existe poucas coisas nesta nossa curta passagem por esta vida, que são de suma importância, realmente são bem poucas as coisas que são importantes nesta matéria que nós vivemos chamada mortalidade, corpo, vida; todavia, um amor verdadeiro como sendo uma dessas poucas coisas importantes nesta vida, suporta tudo e todos, independentemente da situação e das circunstâncias, quando um homem realmente ama uma mulher ele dá sua própria vida por ela se for preciso e quando uma mulher realmente ama um homem ela nunca o trai com outro homem, nunca desista meu amigo de um verdadeiro amor, seja lá por qual motivo for, vá em busca do verdadeiro amor de sua vida, pois o amor é a linguagem intrínseca e extrínseca do coração, é o idioma sem sons das almas enamoradas, é a idiossincrasia sem dúvida de Deus. 

APÓS CONTAR A HISTÓRIA DE AMOR PARA SUA AMADA, O AMADO SE LAMENTA.

 — Esta linda história Linda, me lembra muito a nossa história quando eu te conheci, em meio a tantas dificuldades e problemas sociais por que eu estava passando, sem contar é claro, o fato de seu Pai nunca ter aceitado nosso amor, por eu ser pobre e você uma moça rica de família de classe alta. Eu me lembro como se fosse ontem, a noite em que nós fugimos de São Paulo direto para Rondônia, seu Pai não esperava por isso, quase teve um treco ao descobrir; naquela noite eu havia reunido todos os meus recursos financeiros para custear aquela louca e alucinante aventura, que mais parecia um filme de romance proibido.

 Você aparentemente estava bem segura de si eu pude perceber, parecia-me que você sabia realmente o que estava fazendo Linda, sorte a nossa que na fazenda do tio Spinoza havia um sobrado vazio para nós ficarmos, enquanto ali estivéssemos, foram dias e mais dias naquele lindo lugar paradisíaco, eu me recordo do cheiro das flores, os animaizinhos que viviam na varanda de casa, você se lembra?

 Só foi uma pena Linda, que uma história de amor tão linda o quanto foi a nossa, depois de ter enfrentado tudo e todos, ter chegado ao estágio que chegou, eu sei que boa parte das coisas ruins que aconteceram entre nós, foi por minha causa, eu bem sei disto Linda.

 Mas agora eu não entendo esta situação por que estamos tu e eu passando sabe?

 Sinceramente Linda, meu desejo é que este quadro turvo e obsoleto que está sendo pintado sobre a nossa situação se transforme em um belo quadro de paisagens com cores vivas e simétricas, duma forma perfeita e sem igual.

 Eu queria muito que a nossa história de amor terminasse como a de Bate-Seba e Michael, eles tiveram problemas? Tiveram, mas e daí? Enfrentaram juntos as dificuldades e os obstáculos, perseveraram em meio aos reveses e cataclismos forjados pelas circunstâncias não amenas que davam com ímpeto contra a vida deles dois, enfim viveram juntos para o resto de suas vidas felizes para sempre...

O AMADO SE ESFORÇA, PARA DEMOSNTRAR O SEU AFETO E DESEJO POR SUA AMADA.

Queria eu agora Linda, começar a escrever uma nova história, não de outrem, mas a minha própria, onde você eu estivéssemos juntos para sempre e felizes...

 Queria eu agora Linda, um novo começo para mim e para você...

 Um começo sem magoas...

 Um começo sem tropeços...

 Um começo sem fim...

 Apenas um começo...

 Por que não posso me doar ao luxo de sonhar com tais beatitudes Linda?

 Por que não tenho o direito de fantasiar meu amor por você?

 Por que a vida às vezes, com a maior “cara lavada” nos traz nas mãos uma “caixinha de pandora” cheia de surpresinhas detestáveis e inconvenientes?

 Por que Linda, a dor de uma perca suplanta a dor de parto?

 Linda... ah! Minha Linda, Depois de tudo [...], por quais motivos ainda abrolhastes tu, tantos males contra minha alma? Por quais razões, tens tu ainda me sido por amargura de espírito? Sob quais pretextos, vens tu novamente a mim, com paus e pedras ao invés de flores e carinho? Por quais desígnios, intentas ainda tu, desvirtuar meus sentimentos por ti? Por quais justificativas e molas, te sobem ainda ao coração, esses desejos inescrupulosos causadores de atrozes males e sofrimentos ao meu respeito? Sou eu por um acaso, aquele Virgulino cangaceiro, jagunço endiabrado que ao chegar às portas do céu foi excomungado pelo próprio São Pedro? Seria isto tudo inda que me causastes, por eu amar-te tanto? Por eu querer-te mais ainda? Por eu a desejar-te sempre? Por querer eu estar perto de você? Ou você apenas quer ter-me atrelado sempre a ti, como animais de carga subjaz a jugos? Não sei o que posso inferir Linda, até porque qualquer que ouvir-me falando assim, irá achar minhas palavras neste exato momento extemporâneas... Esqueceste tu, dos nossos dias de nubentes? Esqueceste tu, daquele primeiro buque de rosas vermelhas naturais, com o qual te presenteei? Esquecestes tu de nosso primeiro beijo atrás daquele pé de mangueira, nos fundos da casa do Hegel, naquele domingo chuvoso de 21 de março de 2000 (que tarde foi aquela!), esqueceste tu, que fui eu quem amou-te antes mesmo de conhecer-te por completo? Por que não mo dizes tu? O que queres, que eu te faça? Diga-me! Sim! Diga-me sem demora Linda e eu prontamente o farei, mesmo não sendo eu o próprio Jesus Cristo filho de Davi, defronte à Bartimeu o cego de Jericó que o gritava, mas ainda assim juro que to farei.

 Deixe para depois Linda, as más conversações...

 Deixe para depois os maus zelos...

 Deixe para depois as más influencias, que só desvirtuam a alma...

 Deixe para depois este inflexível e indomável orgulho que te subjuga...

 Deixe tudo para depois e esqueça o que aconteceu...

 Prometo-te que se esqueceres o que fiz, esquecer-me-ei o que fizestes, ainda que para isto seja o tempo o meu maior aliado nesta batalha...

 Linda... oh! Minha Linda... coloque para trás de teus lombos estes vis sentimentos, que me tanto ferem a alma, como que aguilhões de escorpiões perfurando a pele macia de um recém-nascido; essas expressões faciais que me muito causam dores cardíacas, piores que as que antecedem aos infartos fulminantes; deixas disto, essa atroz indiferença que tens tu usado contra minha inocente pessoa, indiferença esta que é a razão do meu sofrer; sim Linda, deixes tudo isto de lado, pois são coisas que se tornam totalmente debalde para alguém que quer vencer no jogo do amor.

 Deixes tudo e venhas comigo, caminhar pelas longínquas e incomparáveis paisagens das minhas fantasias abstratas e metafisicas, meus muitos céus diversificados e coloridos, uns com muitas estrelas brilhosas, outros com muitas nevoas ofuscantes, outros sem estrelas brilhosas, outros sem nevoas ofuscantes, uns resplandecendo a mais linda e perfeita aurora boreal, outros não, meus campos abarrotados por toda sorte de flores, muitos lírios, girassóis, centaureas, gérberas, tulipas, ásteres, cravos, gramas verdejantes, arvores frutíferas.

 Venha sim, oh! Minha meiga Linda, venha sim, oh! Meu amor, pois é meu prazer dividir tudo isto com você... hummm... que delícia... parece que já posso sentir o doce aroma desses lugares, subindo às minhas fossas nasais Linda...

EPÍLOGO.

Mas mais uma vez eu peço-te Linda, por favor, não me deixes assim neste estado em que agora estou, doente de amor por ti, como estava doente de amor Amnom por Tamar, Sansão que fazia tudo por Dalila, Jacó que trabalhou para seu sogro por 14 anos pelo amor de Raquel, não posso esquecer-me de outro caso famoso que foi o da Bela e a Fera também; sim! É o que agora suplico a ti, não mo deixes neste estado, o meu coração, sem arrimo, sem alento, sem acalento, sem vigor, sem alegria, sem desejos, sem rumo, sem Norte, sem direção, sem paixão...

 Eu tenho em meus diletos lugares de passeios fantasiosos Linda, um perfeito jardim, repleto de águas cristalinas, cercado por um lindo bosque verdejante, lugar aconchegante, para se estar dois apaixonados; não é um Éden, nem tampouco o jardim de Epicuro, tampouco os jardins suspensos da Babilônia, ou ainda o jardim de Salomão, nem também o jardim Botânico do Rio de Janeiro, ou mesmo os jardins simétricos do Egito, ou ainda os mesclados jardins-paraíso dos Persas, ou ainda os jardins da Itália, ou ainda os jardins da Grécia, ou ainda os jardins de Roma; contudo é perfeito para mim e para ti, minha queridinha Linda que me muito enlevastes, adentra-te comigo sim meu beija-flor, nesta flor de rosa colombiana que é o meu jardim secreto, lugar de mil e uma noites de amor com você...

[...] Linda, estive por muito, pensando no que dizer-te, no que escrever-te, no que mostrar-te, para aludir-te esta inflamada chama abrasadora, que está a fulminar-me o coração por dentro e que por ti implode de paixão, mas depois de muito relutar contra, cheguei a fatal conclusão de que me é impossível, construir ou até mesmo, como já havia outrora em outra parte deste “sui generis” documento dito-te, representar tal sentimento subjaz a imagens, expressões, alusões, mímicas, palavras, etc., etc.; mesmo depois de tanto perquirir e recorrer à tantos outros maiores e melhores espíritos que eu, não obstante no passado, já houveram tido as mesmas agruras espinhosas, cardos afiados, acúleos corroborados por veneno, de experiências amorosas por que passo eu agora, mesmo assim ainda é muito difícil para mim...

 Não peço a ti que me entendas, pois seria te pedir demais e um pouco injusto de minha parte, porém, eu reconheço que as dúvidas, as alegrias, as tristezas, as novas experiências a cada novo momento, as paixões, as emoções, os sentimentos, as caricias, os momentos de carinho e ternura, os dias de chuva longos e recheados de muito amor, o companheirismo e cumplicidade, tudo isso faz parte de um contexto lindo Linda que estamos tu e eu inseridos, eu me sinto verdadeiramente ante o abismo de Pascal, mas ainda assim não mudo minha opinião com relação ao que sinto por ti...

 Não posso enganar-me no que diz respeito à esta louca paixão...

 Não posso mudar o curso dos sentimentos que nesta relação foram envolvidos...

 Não posso apagar as linhas que foram eternizadas, nas páginas do meu coração em relação a você e eu...

 Não posso reputar como inexistente o meu passado, só por que não o vivo mais...

 Não posso querer que a atual situação, me diga que estou errado em ainda te amar...

 Não sei se consigo me convencer ao contrário de tudo isto...

 Simplesmente não sei...

 Acho que a única coisa que, neste exato momento de dúvidas eu sei é que nada sei como já dizia meu velho e conselheiro amigo...

 Nada eu conheço...

 Nada eu compreendo...

 Nada eu vivo...

 Nada eu escrutino...

 Nada vezes nada...

 Por fim meu amor... eu bem o sei perfeitamente de algo que é irrevogável... que você ainda continua em qualquer lugar alhures, seja longe ou seja perto, menos aqui comigo, sentada neste úmido e frio chão ao meu lado; inspirando-me com sua inefável presença doce, encantando-me com teu sorriso brilhante estampado em tua face, enquanto dedilho com esta velha caneta azul, estes avariados por minhas lágrimas, pedaços de papéis que constituir-se-ão na minha epístola de despedida de você, no enclausuramento irremediável deste quarto abandonado por ti, desprezado pelos sentimentos afetivos amoroso e atafulhado por toda sorte de solidão.

                                            FIM.

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