Ah, meu Amor, eu te amo tanto!
E todo esse amor em demasia
Fez-me esquecer, por enquanto,
Como é que se escreve poesia.
Que valha-me todo esse pranto
A escorrer nesta face fria,
Eu choro sem acalanto
Seja noite ou seja dia.
Perdoe-me o sentido canto,
Assim como a ousadia,
Mas morro e vivo de encanto
Pela luz que irradia
Desse teu olhar quase santo
Quando estou na tua companhia.
Hoje tu não estás – portanto,
Estou pálida e sombria.
Ah! Amor – sentimento infanto
Que a disciplina repudia:
Trata-nos terno, conquanto,
Nos trata com rebeldia.
A distância traz desencanto,
A saudade é covardia,
Amor é benção e quebranto
Que arde enquanto remedia.
Quanto a mim, já te adianto,
Que em tua próxima estadia,
Para teu grande espanto,
Hás de levar-me como cortesia,
Pois prefiro da morte o manto
A viver sem alegria.