Comi o jornal no café da manhã,
Mastiguei sua notícia, sua inflamação,
Fiz a digestão diária,
Sem dieta de letras agudas, frias e miúdas
Que aos poucos a pele absorveu
E quem me olhar lerá nos olhos o dilema atual
Eis as notícias de jornal:
Extra, extra... extraviado,
Homem vende a preço de banana sua alma ao diabo,
Despenca a penca de banana no mercado,
Mas tudo está cada dia mais caro,
Culpa é a inflação,
É chuchu,
Tomate,
Arroz, café e feijão,
Até o livro de receitas de Gullar.
Alguém atento me leu,
Disse ter razão em consumir sem moderação
O noticiário de seu Ferreira,
Me saciar com sua grafema,
Ela todo dia nos faz lembrar rotinamente
Que o pão continua caríssimo
E o preço da vida
Ah! Não cabe em nosso poema.