I
A saudade bate forte,
Corro em sua direção, entretanto,
Não a encontro...
As lágrimas percorrem os pequenos
Rasgos da face que carregam as marcas do tempo,
Elas banham o rosto por saber que
Não estas mais aqui.
***
A dor me consome,
digladio-me com essa dor colossal,
Mas ela sempre sai vitoriosa.
E nessa batalha de cartas marcadas
As límpidas,
Silenciosas,
Doloridas
Lágrimas,
Vencem.
E anoitece dentro de mim...
II
O coração espremido
Pela dor da ausência grita mais forte,
Os olhos te procuram,
Querem enxergar-te além mundo.
Os corpo quer o teu abraço,
O rosto necessita sentir as carícias das sedas de suas mãos,
As narinas querem sentir mais uma vez
O teu doce aroma.
Os lábios querem sentir seu doce sabor,
Os ouvidos anseiam por ouvir mais uma vez
Sua voz que ecoa como notas musicais de um Minueto,
Desejam ardentemente ouvir-te,
Mesmo que seja apenas
Um murmúrio,
Um sussurrar,
Um arfar,
Um ar,
um sopro !
E assim, inverna-se dentro de mim...
III
O desespero bate à porta
Por não tê-la perto de mim,
Herculeamente luto contra a morte
Que tenta tragar-me vivo!
Deixa-me abatido e fraco.
Tento guerrear como um soldado romano,
Um Guerreiro Otomano,
Um bravo Huno
Ou mesmo um Valente Mongol.
Mas ela é tão forte que sinto esvaírem-se minhas forças.
Quero ser mais forte,
vencê-la!
driblá-la,
nocauteá-la,
expurgá-la,
bani-la.
E relampeja dentro de mim…
IV
Uma luta inglória,
Uma batalha com vencedores marcados.
Mesmo que eu tente vencer
Parece estar traçado meu destino...
Que fardo pesado carrego nos ombros!
O fardo da saudade...
Da ausência física.
Da falta do seu afeto,
Da privação do teu calor!
Da minha incapacidade de enxergar
O além mundo.
***
Tenho medo de não mais encontrá-la,
Mesmo que consiga estar do lado em que estás,
O medo de nunca mais poder ver-te
Me assombra!
Corrói,
Machuca,
Aperta,
Sufoca...
Esgana-me!
E neva-se dentro de mim...
V
Sua ausência, faz com que me sinta sumindo aos poucos.
Me olho no espelho e não me vejo,
Me toco e não me sinto,
Me procuro e não me encontro,
Sinto-me perdido em meu próprio labirinto;
Preso por correntes que não vejo,
Mas sinto-as apertar-me os punhos de tal forma
Que fico imóvel!
Aturdido.
Escondido,
Amedrontado,
Esmaecido!
Acuado...
E trovoa dentro de mim.
VI
Como é difícil prosseguir sem você.
Como é doloroso estar sem o tom
Do arco-íris da tua presença.
Sem as primaveras do teu sorriso.
Sem os outonos dos teus carinhos...
Sem o verão dos teus abraços!
Sem o calor do teu olhar em minha vida de invernos.
Grito,
choro,
reclamo,
amaldiçoo!
Emudeço.
E alaga-se dentro de mim...
VII
Essa dor sufocante tira-me o juízo
E numa tentativa louca de revê-la,
penso,
repenso,
planejo a mais desatinada loucura.
Preciso arriscar-me!
Sabes que demasiadamente enlouqueço sem ti!
Perdoe-me mas eu necessito encontrar-te.
***
Foi loucura eu bem sei,
Mas o desespero por reencontrá-la,
Fez de mim o mais louco dos Romeus,
Fui ao teu encontro...
Sim...
Permiti que o ar deixasse de percorrer-me.
E agora o que faço?
Busquei-te e não a achei!
O sangue já não percorre minhas veias.
O coração não mais pulsa!
A seiva da vida deixou-me
Foi culpa minha eu sei.
Mas cadê você que não veio ao meu encontro?
Por onde andas?
Peça permissão para socorrer-me!
Preciso de ti!
Resgata-me do lodo em que estou!
Sofrimento,
Gemido,
Choro,
Lágrimas,
Escuridão...
Morro todos os dias dentro de mim!
VIII
Aqui nesse limbo em que me encontro,
Tento subir os degraus sem fim,
Tento ir ao encontro do fino e distante feixe de luz.
Mas, sempre que acho que me aproximo,
Ele se distancia mais, mais e mais,
Cada vez mais...
Tento desafogar-me das águas negras,
escuras,
fétidas,
putrefatas,
asfixiantes,
amargas!
e necrosa dentro de mim...
IX
Aos poucos, percebo que parte de mim já não mais existe.
Quem sou eu?
Quem fui outrora?
A qual mundo pertenço?
Sou gente ou fera?
Anjo ou demônio?
Ser ou inseto?
Pedra ou excremento?
***
Em que mundo estou?
Terra ou céu?
Limbo ou inferno?
Sou matéria ou ectoplasma?
Espirito ou alma penada?
Sou?
Não sou!
Existo?
Não existo!
Subsisto...
E “lamaceia-se” dentro de mim.
CLAREIA-ME!
X
Não sei quanto tempo já se passou.
Não sei como cheguei até aqui,
Da mesma forma que não sei como sair daqui...
Esqueci-me de quase tudo,
Mas recordo-me de ti oh minha doce amada!
Luz da minha vida quase inexistente.
Lembro-me de pouca coisa.
Se tenho história, origem eu não sei.
Se alguém chora por mim também não sei.
Apenas carrego em minhas lembranças fragmentos de um tempo
Que não sei ao certo se existiu.
Se é fruto da minha própria insensatez ou se de fato foi real,
Não estou certo de que vivi!
Imaginei?
Sonhei?
Criei???
Inventei!
Vivi...
Ah minha doce amada,
minha dama,
Minha musa.
meu Sol,
minha estrela!
Meu céu,
minha vida.
Meu farol,
meu Porto,
meu Anjo...
Salva-me!
Resgata-me!
Cura-me!
Ressuscita-me!
A simples lembrança da sua imagem
Ilumina o escuro em que estou.
Areja o espaço sufocante em que vivo ou desvivo.
Preenche um vazio quase que infinito
que me traga!
Lembro-me de ti!
Sim,
lembro me de ti minha amada.
Fostes tão cedo...
Deixaste-me tão prematuramente que enlouquecido
Sai correndo
desgovernado,
fora de mim.
Ah, que loucura fiz!
Busquei alivio e encontrei tormento.
Busquei por tua presença e me perdi na minha própria ausência...
Procurei por um bálsamo e encontrei martírio,
Busquei-te incansavelmente
E afundei-me no mais torpe lamaçal!
Mas ainda existe uma fagulha de tua luz dentro de mim.
As lembranças do teu amor
Amanhece dentro de mim.
A lembrança do teu sorriso
Primavera-se dentro de mim!
A lembrança do teu abraço
Apascenta-se dentro de mim.
A lembrança do teu calor
Veraneia-se dentro de mim!
A lembrança da tua sua voz
Acalma-se dentro de mim...
A lembrança do seu toque
Hidrata-se dentro de mim.
A lembrança dos seus afagos
Renasce dentro de mim.
A lembrança do seu afeto
Renova-se dentro de mim.
A certeza de que te amei e de que ainda me amas,
Clareia-se dentro de mim.
E mais uma vez
Sinto a chama da vida chamar-me!
Sinto a luz da tua presença buscar-me.
Sinto teu amou iluminar-me,
Sinto tuas mãos macias a resgatar-me!
E assim,
Mais
Uma
Vez:
Amanhece
Dentro
De
Mim.
14/03/21 - 09:59