Que sol magnífico de senda alvorada
Quais mortalhas das noites queimadas
Entre pêssegos bálsamos e coalhadas
Que molda o Eden da tarde ensolarada
Nas posturas das frésias na iris do céu
Dos lençóis alvos as névoas lavadas
Do aroma da lavanda na posse da estrada
E me lembro do cordeiro nos campos
Crianças bebendo o sabor dos morangos
E as doçuras do alfajor
E biscoitos natalinos
E o bisturi dos olhos cirúrgicos
Envolvidos no glamour das palhas de verão
As gotas do orvalho e bolhas de sabão
Nuvens foragidas da fina madrugada
Nas telhas envelhecidas e frestas ensolaradas
O dia quente e as ervilhas na quinta fechada
Nos bosques de borboletas azuladas
A candura da noite pênsil e luzes rasgadas
Quais pergaminhos do meu passado
Das tonsuras das rosas descalças
Fantasiadas de arco iris e pétalas de amarilis
E desmaios de amor profundo
E o Néctar volátil do outro mundo
E o mar dócil de toda a frutose
E o sangrar do leiteiro-vermelho
E as madrepérolas dos faxinais
Quais rubis incrustados na espada
A coroa de Cristo na pele rasgada
As noturnas vertentes entrincheiradas
No meu coração salgado das lágrimas
Uma tintura de vinho doce sem fermento
No céu do almíscar hortelã e coentro
O meu pesame e o fardo do pesar
Meu grito da alma desvairada
Como frasco cristalino da minha alma depenada
E a sutura da ferida das manhãs
E os sais do mar morto ferido
E os corcéis selvagens nas campinas do Jordão
E os bramidos dos mares da profecia
E Noé pregoeiro com vestes de acácias
Quais candelabro e lâmpadas apagadas
Nesse velório da escatologia emergente
Cantos de alpendres e coágulos imaculados
A nêspera e as uvas da videira enflorada
Cântaros de silêncios e vozes derramadas
Juntando as letras espraiadas na terra fria
Que deram enorme junção a essa prece poesia.
Autor: Clavio J. Jacinto