. Como será o amanhã?
(João Gomes de Sá)
Como será o amanhã?
- Será tudo diferente
Do que é atualmente.
Na rua, em cada avenida
Celebraremos a vida.
Vamos ver pelas calçadas
Todos juntos de mãos dadas
Cantando.
Todos músicos tocando
Aquarela Brasileira,
Lá no céu nossa bandeira
Protegendo a liberdade,
Os direitos de igualdade,
O respeito às diferenças
Independente de crenças
Ou etnia.
Será mesmo um novo dia
- Verdadeiro show de bola!
Ninguém mais fora da escola!
Muitos livros para ler,
Cadernos para escrever
Cada um à sua história,
Para ficar na memória
Do povo.
E com isso eu me comovo.
- Será tudo igualitário
Entre patrão e operário.
Aprendemos a lição:
- Viver mais a comunhão
Estreita a desigualdade.
Pra que desumanidade,
Senhores?
. Pé quebrado desgoverno
(João Gomes de Sá)
Eu não queria falar
Sobre o Brasil atual
Porque me sinto bem mal,
Às vezes me dá gastura,
Porém a minha postura
É não cair em cilada
E eu sigo nessa estrada
Da vida.
Continuo a minha lida
Apesar da contramão.
Sem perder a direção
Vou seguindo o meu caminho.
Não quero falar sozinho,
Careço da sua ajuda
Para ver se a gente muda
O prumo.
Com cuidado eu me arrumo
Para escrever esse verso
E declaro: - Está perverso
O País em que vivemos,
Denuncio não merecemos!
Viver assim desse jeito,
Perdendo nosso direito
Garantido!
Deixo aqui o meu pedido:
- Vamos todos nos unir
Para poder definir
O rumo do nosso povo!
Discurso velho, de novo
Já passou, não serve mais!
Para que andar pra trás
Cidadão?
. Zé Cachoeira
(João Gomes de Sá)
A brisa bateu na praia,
A água banhou a areia.
A cantiga da sereia
Anunciou pescaria.
Foi aquela correria
De pescador para o mar,
Era o tempo de pescar
Camarão.
- Segure firme o timão!
Ordenou Zé Cachoeira:
- Reze para padroeira
Também para Iemanjá,
Toque logo esse canzá,
Hoje a pesca vai ser boa
Aprume bem essa proa
Da jangada!
Vamos “simbora”, cambada
Buscar o nosso sustento
E no balanço do vento
Com toda tripulação
Entoar nossa canção,
Viva a nau catarineta!
Mas não toquem a trombeta
De Jericó!
Não tenha pena nem dó
De quem ficou lá atrás,
Pois voltamos logo mais
Com tainha e camarão.
Bote lenha no fogão
Vai ter tainha na brasa
É fartura em cada casa
De taipa.
.Sertanejo
(João Gomes de Sá)
Quem bebeu da água doce
Lá do rio são Francisco
E assoprou do olho o cisco
Clamando santa luzia,
Quem rezou na romaria
Do padre Ciço Romão
Também de Frei Damião
Pelos rincões do Nordeste,
O corpo todo se veste
De luz.
Carrega sempre uma cruz
Com muita força e saúde,
Determinada atitude
Norteando seu caminho.
Retira da flor o espinho
E enfeita o cabelo dela
A sua amada, a donzela,
A sua grande paixão,
Bela rosa do sertão
Nordestino.
Desse jeito é o destino
De quem nasceu nas quebradas
Do sertão, das vaquejadas
E da seca causticante
Sem dar trégua um só instante
A plantação no roçado
Nem o barreiro do gado
Escapa dessa medonha,
Mas o sertanejo sonha
Com fé.