Alerto o aviso aos ecos
Que eclodem nos desertos
Meus versos contém o vírus
Do desatino e da inquietude
E furam a blindagem dos casulos
Pichando a coragem em suas máscaras
Quem sabe eles nem saiam de casa
Mas podem recriar tuas asas
Para que numa palavra-chave
Se reforce o aperto de um abraço
E assim o afeto não se cancele
E possa ressoar na minha pele
Amor nos tempos de cólera
O grito de outras vitórias
A queda de algumas portas
Que nos isolam nos sanatórios
Quem sabe esses versos
Te libertem das cavernas
E peguem carona
No poema na redoma
Que lhe transmite
O inominável
Quem sabe esse escrever infectado
Lhe sirva pra se erguer na selva
Quando todas as almas cegas
Com ares e áureas tão modernas
Se embaralharem nas próprias pernas
Com a película branca da ignorância
Quem sabe a quarentena
Caiba no poema
Pra olhar pra dentro
E entender onde erramos
⠀
E assim seguimos espirrando
Competição e indiferença
Achando que não é doença
Pra apresentar no portfólio
⠀⠀⠀⠀⠀⠀
E então se finda outra história
Pra levantar as mãos pra Deus no céu
E abençoar o ser com álcool gel
Com espelhos no lugar dos olhos
Alan Salgueiro.