Os Cântaros do Anoitecer
(1)
Vejo a relva verde que perdura na sega
Quando as chuvas cessam na doce tarde
O destilar das águas bálsamos de outubro
O cantar dos pássaros pedidos na mata
(2)
Ouço o ruído do movimento das rodas da noite
Sóis luminosos dentro dos castiçais de ouro
Agulhas de pinheiros dançando na umidade
Alvos orvalhos moídos na mó dos temporais
(3)
Nas gotas que beijam a dócil passiflora
Que cadentes do céu hibrido irrigam a lavanda
Quais cristais de almas puras e transparentes
Dos sonhos e crepúsculos antes da áurea glorificação
(4)
E no limiar das crisálidas e outras borboletas
Que em algazarra despertam o ar vespertino
Quebrando os cântaros de todas as sombras
Para derramá-las na intimidade da meia noite
(Clavio J. Jacinto)