Está morrendo novamente, com o mesmo enredo de outros carnavais,
Quem já faleceu diversas vezes décadas atrás.
Um corpo exaurido de provar o veneno de ditadores.
E que no travesseiro da democracia continua a ter
Sua dignidade torturada por espúrios parlamentares.
Os membros desse corpo estão condenados a carregarem
Os despojos de um golpe travestido de soberania popular...
Arrastarão suas vísceras cansadas de trabalhar,
Enterrarão seus olhos em hegemônica pobreza.
E sobre o deserto de tanta torpeza permanece estático
O dono desse corpo - o povo, corpo coletivo passivo,
Acabrunhado, inerte, com seus membros todos dessincronizados diante
Das incessantes torturas que sacrificam a sua já calejada epiderme.