Ser uma Iyálòrìṣá, um Babálòrìṣá, uma/um Égbón ou uma pessoa que frequenta, ou seja, adepta de uma religião de Matriz Afro-Brasileira não a torna, automaticamente, uma pessoa negra e nem uma pessoa antirracista.
Uma pessoa branca jamais será uma pessoa negra, mas pode ser uma pessoa consciente e aliada na luta contra o preconceito e intolerância racial, pode ser também uma pessoa com uma branquitude autocrítica. Porém, isso requer uma jornada de reconhecimento do escravismo colonial, elaboração da consciência negra cidadã e, sobretudo, ter ciência sobre seus próprios privilégios como pessoa branca.
Porque, colocar uma vestimenta africana, usar um torço na cabeça ou uma baiana de ankara (tecido estampado com motivos e padrões tribais), mastigar um òbí ou òròbò com pimenta-da-costa, não lhe torna uma pessoa que lute contra o racismo estrutural existente no nosso país. Isso requer mudança total de atitudes e ações com relação a população negra, ou seja, ter mentalidade de equidade e comportamento isonômico entre a população de pessoas brancas e a população de pessoas negras.
Também não estou dizendo que nenhuma pessoa de pele branca, na atualidade, tenha algum tipo de responsabilidade pela sistema escravocrata vivido aqui no Brasil, por mais de 300 anos, que nossa população negra ancestral passou no passado. Contudo, a grande maioria usufruem dessas vantagens prerrogativas do mesmo.
Porquanto a sociedade branca se beneficia, a população negra ainda convive com os resquícios e com os estigmas cicatrizantes que nossos antepassados sofreram quando foram brutalmente traficados e escravizados. A luta da população negra não é vitimista, também não é brincadeira, é um direito sócio-cidadão, é uma luta pela vida.
Está muito bem descrito no artigo 5° da nossa constituição federal: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se as brasileiras e brasileiros e residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes;”. Portanto, não podemos diferenciar ninguém pela cor da sua pele. Então por que ainda existem pessoas que fazem isso?
No dia 20 de Novembro comemoramos o Dia da Consciência Negra. Essa data é uma forma de fomentar a importância da igualdade étnico-racial entre todas as pessoas e povos, de celebrar a inclusão, a adesão e a interação da população negra na sociedade brasileira e de levantar diversos questinamentos sobre discriminação, racismo e cultura afro-brasileira, assim como debates que buscam valorizar a cultura africana.
Conscientizem-se!!! #vidasnegrasimportam
Fernanda de Moraes - Iyálòrìṣá
Secretária Executiva Geral da ANTRA
Coordenadora Estadual do FONATRANS em São Paulo