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Fatalidade Cósmica - e a beleza da pena.

Fatalidade Cósmica - e a beleza da pena.
Miguel Moreno Espanha
out. 23 - 2 min de leitura
0530


Creio que seja mais exaustivo - depressivo não, pois seria um tanto quanto impossível ser - a ideia de querer morrer, mas ter seu ímpeto inibido por um sentimento apático, quase que anestesiado, de uma realidade que parece não mais lhe contemplar.


É exaustivo desejar a morte e ao mesmo tempo estar cansado demais para findar-se.

É depressivo, ao passo que terapêutico, escrever versos e versos do dissabor que é viver. 

É trágico - cômico também, de certa medida, a busca desse pseudo equilíbrio existencial - estar a mercê de uma fatalidade cósmica que, enfim, nos ceife a vida. É trágico!

É como dizer: Vamos! Que um raio caia agora mesmo em mim. E nada acontecer. Óbvio.

Esperar desesperadamente um assalto para reagir e por sorte morrer - mesmo a surra sendo o mais provável.


Compreende?
É, sim, tragicômico. Sobretudo irônico. Sim, sim. Pois nessa espera fatídica  se vive. 

Momentos anímicos proporcionados pelo desprezo de um cosmos impessoal não homicida.

Bendito seja as intenções do destino, inexata fortuna que todo dia nos proporciona outro dia.

Não deixa de ser depressivo e exaustivo esperar a morte. Contudo… É mais humano viver agraciado por um destino em aberto.  É demasiada arrogância pensar em selar nossa existência.


Pareceu haver certo lirismo religioso aqui hoje. Não? Talvez? Escrever a vida é um ato divino.

Ora, não somos nós mesmos os Deuses de nossa vida?

Podemos encerrá-la a qualquer instante. É o ato de mais puro êxtase catártico, ainda assim escolhemos a fatalidade cósmica. Somos, portanto, deuses exaustos.

Falhas divindades de uma existência tortuosa e sem sentido.


Quão belo é dizer: que eu morra atropelado.

Em vez de saltar na frente de um carro.

É exaustivo viver.

No entanto, é triste demais encerrar esta peça de teatro antes de seu ato final. Estando a quarta parede exposta ao público, vamos participar deste infeliz espetáculo miraculoso. O retrogosto da existência até pode ser amargo no fim. É inegável, porém, seus momentos de deleite.


Termino este texto outra pessoa de que quando o iniciei.

Escrevi-o pois sentia desejo de morte e o ímpeto da ideação suicída. 

Mas sua apoteose me concedeu um sorriso fugaz.

Exausto, escrevi outro texto.

Lindo, não?



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