Escrevo não-poesias
Minhas mãos são lentes
Fodam-se as formas vazias
É muito deprimente
Minha mãe dizia
Vento forte trás a calmaria
Lembrei dos meus rolês no Forte Humaitá
Um, dois e bola
Mão de cola
Eu queria morar lá no mar
Sentado em rodas de bamba
Ao som do berimbau
Violão na mão
Suingando enfrentei a solidão
Eu gosto mesmo do lamento, não é mimimi
Já convivi com a fome
Pra ela eu não vou rir
Eu me sentia só
Na roda com os irmãos
Tanta loucura coletiva
É muita depressão
Catarses constantes na miséria
Aqui jaz, quantas vidas?
Seja sincera
É justo trabalhar para sobreviver
Fazer de outro rico e nunca ver seu plano acontecer
Como eu queria te levar praquela praia ensolarada
Que você tanto gosta
Criar aquela linda rima
Que vai eternizar a melhor parte da nossa história
Mas agora a maior prova de amor que poderei te dar
É usar máscara e ficar no meu lar
Não entro nessa onda errada do presidente
Quantas mortes a mais deixará ele contente
O Brasil não é país para amadorismo
As mineradoras estão causando vários genocídios
A comoção social é para poucos
Vivemos numa guerra de todos contra todos
Eu vejo a esperança e ela parece o desgosto
Ou se entende que não dá para retroceder
Ou seremos tragados sem ver o sol renascer
A luta é pra frente
É pra frente que se anda
Vamos pra cima deles
Viva a revolução