Isolamento pra quem? Há cento e vinte dias celebramos através de telas, sem tocar ou soprar as velas que demoram mais pra serem apagadas. Haja colírio pra tanto olho seco de trabalho e noites mal dormidas. Comida pra quem tem vira atração de 30 em 30 minutos e as rugas vão se organizando para fazerem a entrada triunfante na mesma hora e local. Sapatos do lado de fora, do lado de dentro, secando no varal, dentro do armário com cheiro de mofo, em todo lugar exceto nos pés que escolheram os chinelos como melhores amigos de vida. A solidão é subestimada, diziam antes de o mundo fechar, por aqui só dói mesmo, mas fazemos força todos os dias pra nos levantar. Metade de mim, ao acordar, agradece feliz por estar viva, e a outra metade aos prantos não vê a hora de tudo acabar.
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