Eu nunca tive a intenção de ir
Onde eu mesma não sou
Eu faço silêncio com as minhas próprias palavras
E depois falo, tudo que precisa ser dito
Onde quer que seja
Me escondo no fundo do armário
Eu perco as chaves
Eu descubro que ainda há tempo
E penso, que é melhor agora do que depois
Se eu pudesse sentir a dor dos corpos desfalecidos
antes do súbito, para saber como é a partida
Sentiria
E se eu pudesse reviver os corpos desfalecidos
O faria
A dor, impeditivo do riso
É minha escória
Por isso cheia de graça
Dou sentido a alegria
E faço dela casa
Onde tem abrigo para todo amigo
E onde tem espaço para todo traço
Da filosofia, a arte, ao gemido
Tudo tem sentido
Sem sobremesa, me debruço sobre a mesa
Reviro o tabuleiro
Tenho peças demais
Nem consigo carregar o que possuo
Então deixo
No caminho do bem viver
Ter é ilusão
Paixão é solução
E dois corpos sobre o mesmo pano
É a cena do desejo
Fazem o porvir um intenso esperar