Uma noite sonhei do alto da sublime montanha
Onde transpassaram vultos seqüestrados
As dores intrépidas de minhas esperanças
Cada uma delas jazendo feridas em batalhas
Quando as folhas verdes orquestravam fúnebres
O fim do mundo.
Eu no âmbito do desassossego
Amargurado em palhas dos cadáveres florestais
Velando a catástrofe da poluição que vertia
Entre chaminés narizes do Armagedom
Fossas mortais de um capitalismo injurioso
No pungente fio da navalha infante
Num séquito noturno de tais pesadelos
Como restos lustrais de agonias em chagas
Nos estampidos de canhões cavernosos
O susto agarrou-me pela alma
Num horror transparente que me fazia padecer
Nos coágulos de lágrimas sonolentas
Nas névoas de um reino de ecologia finada
Dos ácidos mórbidos em lixos insepultos
Flutuando nas torrentes vitais do planeta
Vi a mim mesmo enfermiço entre patógenos
Além dos gases fatais e a asfixia da primavera
Os reinos da vida sendo decepados
Quais lâmpadas agonizando às trevas
Estrelas fumegando as dores da inanição
O orbe contaminado e poluído
Dava o ultimo suspiro nas noites da solidão
Quando, pois o brado avaro golpeou a terra
Acordei no leito cataclísmico da indiferença
E correndo entre estilhaços do mundo morto
Chorando aos tonéis em avalanches de lamentos
Beijei o barro infértil do chão da vida
Era tarde demais para ordenar o reverso
Os homens arruinaram completamente o mundo
(Clavio J. Jacinto)