Não. Somos condicionados a esquecer nossa própria história. É diferente.
Quem já visitou o Pão de Açúcar, curtiu um show no circo voador, já viu o pôr do sol no arpoador, mas nunca pisou na Fazenda Viegas, em Senador Camará?
(Eu, até uma semana atrás)
Nem parece um patrimônio cultural, mas é! Por que será né?
A Fazenda foi casa de engenho e já chegou a produzir por semana 22 caixas de açúcar de 50kg e 10 pipas de aguardente com 100 litros cada. Já foi considerada como engenho açucareiro mais importante da região da freguesia de campo grande, com 53 escravizados.
Depois, em 1790, suas atividades se voltam para o cultivo e produção de café , apontada como uma das principais do Brasil.
A fazenda é uma obra arquitetônica Rural, típica de “fim” de época colonial.
Mas o que me faz escrever essas palavras NÃO é a importância que essa arquitetura teve para a colonialidade e para o desenvolvimento desse sistema capitalista que em ruínas está. 
Quero chamar atenção pra que a gente comece a ser referência do nosso próprio pensamento. Essa prática começa no território, no lugar da onde viemos e valorizando a história que ele carrega.
Esse lugar da foto, como muitos outros na Z.O possui uma potência educativa, artística e cultural pro nosso povo, lá tem uma sala-museu, com fotos de pessoas que lutaram pela liberdade de existir enquanto povo preto: Harriet Tubman, Rose Parks, Ellen johson Sirleaf, Dandara, Tia Simoa, Acotirene, Aqualtune, Luiz Gama, Malcom X, Zumbi e inúmeros -inúmeros- outros e outras.
Nossas terras parecem abandonadas, estigmatizadas, desestruturadas
E essa imagem é conveniente porque projetam na gente a função de servidão. Cidade dormitório
Se não ficarmos de olho, nossas vidas sempre serão contadas pelas mãos de quem deseja colonizar.
E o destino é passar a existência não existindo, desejando ser a outra imagem, não a sua própria.
Relato da Isa Leal