Sou um poeta sujo, não me limpo quando escrevo
E por essas praças poéticas que tenho passado
Eu não me sinto nem um pouco envergonhado
Da minha miséria criativa, ser o meu maior enlevo
Eu me deito com as frases prostitutas
Que encontro nas noites em que perco o sono
Eu as violento, as cuspo e depois as abandono
Como fazem os cafetões com suas putas
A caneta esta minha navalha enferrujada
Que aperto contra o esterno do papel em branco
É tão criminosa quanto a mão desfigurada
Que conduz o seu destino à medida que arranco
As palavras, vísceras, verbos, tripas e versos
E como um psicopata, eu monto meu cenário
Orgulhoso de ver meus poemas sujos imersos
No mais profundo e asqueroso esgoto literário
De onde vejo estes românticos sem namoradas
Com suas táticas apelativas em compor
Os seus mais ridículos poemas de amor
Só pra comer essas meninas burras apaixonadas
Poesia nunca me trouxe sexo e nem admiração
Porque minha poesia é o meu maior desabafo
É o meu mal hálito que impropero pelo bafo.
É o meu vômito provocado por essa indigestão,
Das emoções podres que consumo todo dia.
Sou um poeta amargo e envenenado pelo amor
E dessas emoções podres a única que me aprazia
Era a solidão que consumira-me todo o sabor
Em fim, o poeta sujo é um catador de poesia
E este poema sujo que eu escrevo, leio e rasgo
Não é menos importante, assim em demasia,
Que os poemas limpos que eu leio enquanto cago