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O DIARIO DE UM DESANIMADO

O DIARIO DE UM DESANIMADO
Clávio Jacinto
fev. 11 - 3 min de leitura
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O DIARIO DE UM DESANIMADO

 

 

Naquela bendita tarde de verão, depois do azul celeste ter sido escondido por nuvens oriundas das montanhas da serra, ali mesmo a beira do caminho estava o desanimado, alma na peripécia dos ventos da noite, pedaços noturnos ainda vivos por dentro da mata fechada, paredes incólumes dos dois lados do caminho, o direito e o esquerdo. Caminho de barro e pedras, o cheiro da mata molhada p transtorno do silêncio e a maravilha da solidão. O desanimado precisava de ar fresco e um tempo fatiado em delícias de pensamentos equilibrados para recompor as forças para tentar outra vez depois de múltiplos fracassos na senda fértil da luta por alcançar um empreendimento de valor tão eterno quanto o luar da madrugada em campo aberto.

Diante de tão aprazível momento o coração torna-se num anjo de inspiração,  desanimado precisava de forças para tentar de novo, estava pensando como poderia reerguer-se da queda provocada pelo fracasso, então ali mesmo, entre caminhos e florestas, cantos de pássaros e nuvens cinzentas, numa tarde quente que ameaçava chuva, vieram as palavras do coração, e ele assim as anotou em seu diário:

I

Uma queda pode ser uma oportunidade de levantarmos com mais prudência para andarmos com mais cuidado

II

Atalhos são meios eficientes de encurtar o caminho, porém reduzem drasticamente a dignidade da vitória.

 

III

Há sempre aquele caminho mais solitário, pois é o caminho mais difícil, e é lá que os heróis sempre se encontram e os sábios nunca se perdem.

IV

Devemos caminhar dentro do propósito, ainda que o labor seja cáustico, a perseverança deve prevalecer sobre a morosidade e o otimismo deve prevalecer sobre o desanimo.

V

Persistir nas coisas certas, ainda que os resultados não sejam totalmente benéficos é bem melhor do que trilhar por escolhas erradas que trazem conseqüências devastadoras.

VI

Aquele que deseja ter um porte digno de herói, jamais deve deixar que o medo prevaleça e a covardia assuma o controle das escolhas que ele deve tomar.

VI

Caminhos difíceis também são caminhos solitários, é a solidão que consagra o caminhar de quem deseja possuir as coisas que são valiosas e raras. Muitas vezes as riquezas do caráter nascem na solidão e no sofrimento, pois o barulho excessivo produz a confusão, o barulho sem sentido rouba do coração todo o aparato da vida supra-servível, tornando a vida num amontoado sutil de engrenagens superficiais sem qualquer sentido existencial.

VII

A ciência da coragem de tentar outra vez é o que nos concede o doutorado na experiência de nunca desistir das coisas importantes e fundamentais.

 

O desanimado, recobra enfim o animo, guarda o papel e o lápis no bolso, e volta para a civilização, agora mais forte, decidido e resiliente, as dificuldades da vida são meios eficazes de transformação interior, e de tão profunda lição, o desanimado torna-se um otimista realista.

 

Clavio J. Jacinto

 

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