Senti tanto medo que meu intestino tratou logo de me compensar
Elevando meu nível de serotonina
Abaixando corticoide e a adrenalina
Senti medo por não ter uma escolha
Me convenceram e me alienaram
E agora eu acordei
E vi a outra face
E se toda a minha vida não pertencer a mim
E se a lei do livre arbítrio não existir
E se eu não puder orar antes da partida?
A mim seria tirado o mérito de estar diante da minha fé?
Senti tanto medo ao me deparar com a efemeridade de uma vida
Moro num lar imenso
Lindo
Colorido e abundante
E nem o conheço... Desconheço meu lar
Meu templo e meus caminhos
E se me forem arrancado os pés?
mãos e braços?
E se me for despedaçado o coração?
E se me sufocarem os pulmões?
Senti medo muito medo
E ainda sinto o medo de não poder amar o suficiente
De não poder sentir na pele
a brisa de outono
o calor do verão
o acolhimento do inverno
o perfume da primavera
Senti medo e ainda sinto
E busco no céu do meu coração
Brilhar a confiança
De que meu medo infundado
Não passará de uma dor de barriga
Aliviada em ínfimos momentos de prazer
07.04.2022