Há volta.
Pisar de novo na terra
Sentir seu pulso
Ignorar nosso reflexo
E escolher reflexão
No fundo da vaga
Do olhar de outros dias
O mesmo som e milagre:
Vida, toda ela.
Nossa humana geologia
Fitas presas
A dança entrelaçando
Cores e seus giros
No mastro principal
Pessoas, choro e sorriso.
Umas recém-chegadas,
Muitas dando adeus,
Conversas na esquina, na sala,
Nos acessos virtuais e escadas
Dividindo o mesmo palco,
Um abraço de longe ou suspiro.
As histórias da avó,
Onde tudo é verde, vivo,
A leiteira apitando,
E no quintal, os primos
Trepando na amendoeira
O cavaleiro de capa
(E cuequinhas), herói;
E a audaz cavaleira,
Com a toalha na mão,
Era a mãe, a tia...
Saudade do que nunca foi guardado
De tudo o que nunca foi dito
Daquilo que um dia foi demasiado
E parecia infinito...
Turbinas aviando nosso jato,
Marcando no céu
Efêmeros riscos,
Perenais na memória,
Como abraço de pai nos filhos,
O ombro dos irmãos,
A quentura e o olhar da mãe,
A fé em pequenos ritos:
O religar é com a alma
E nossas raízes,
Com a terra
Com a água do mar
Com a chuva (quando dá)
Com aquele tempinho
Fechando os olhos contra o sol
E aquele morninho
Nos braços, pelos e ossos,
Dizendo esperanças em código:
Há volta.
Pisar descalço na terra, só isso:
Vida.
Toda ela: