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Aventuras de um Vibrador

Aventuras de um Vibrador
Vana Miletto
mar. 26 - 4 min de leitura
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Certa ocasião, conversando com uma vizinha de chácara a mesma me informou que estava trabalhando com produtos de Sex Shop em catálogo. Poderia dizer a você caro leitor que solicitei o catálogo por uma curiosidade literária, mas obviamente seria uma mentira cabeluda. A vizinha trouxe o catálogo, apreciei cada uma das réplicas com diversas cores, tamanhos e espessuras da iguaria que apenas o sexo oposto possui e que por sinal tem uma aerodinâmica perfeita capaz de preencher e percorrer os espaços da geografia feminina.

 Bom, comprei aquela iguaria, escolhi um tamanho pequeno em virtude do receio em a relação objeto x espaço. Embora a física afirme que dois corpos não ocupam o mesmo lugar, creio que para esse caso ela é falha. Vamos aos fatos, comprei o pequeno membro num tom de pele semelhante ao meu, passados 4 dias a empresa informou que estava em falta e rapidamente aproveitei o ensejo para desistir do produto.

Infelizmente após uma semana o pequeno membro chega garboso e altivo, envolto em um simpático embrulho. À essas alturas não dava mais para desistir da encomenda, porém como estava sem o valor completo, solicitei pagar em 2 vezes. Imaginem que empáfia, pagar um vibrador em 2 parcelas! Foi o que fiz, até hoje não acredito que fui capaz de tamanha infâmia.

Ao abrir o embrulho, percebi que a espessura e o tamanho eram maiores do que desejava, fiquei com receio de não se encaixar com exata perfeição. Ao retirar da embalagem, o cheiro da borracha me incomodou, percebi que teríamos sérios problemas de relacionamento por conta do odor não humano. Coloquei as pilhas, notei que os movimentos e vibrações emitidas eram sempre uniformes, obedecendo a uma frequência única que poderia ocorrer da moderada para a veloz, isso facilitaria sobremaneira o alcance dos objetivos que tive ao comprar, bem como ao propósito do objeto em si.

Retirei as pilhas, higienizei o objeto, passei um produto que o acompanhava, deixando-o com o aroma mais agradável e com um poder de deslizamento compatível ao uso. Como era a primeira vez, fui cautelosa, não permiti que adentrasse espaços tão meus! Utilizei-o apenas externamente e confesso, estava agradabilíssimo. Em delicados movimentos de ir e vir, o produto cumpriu com suas funções, no entanto, como eu poderia manter aquele membro guardado e oculto sem que fosse descoberto?

Pensei em me desfazer do objeto, imaginei enterra-lo no fundo do quintal, porém e se o cachorro desenterra em um dia que tiver visitas em casa? Imaginem a cena, um cão com um pênis de borracha entre os dentes? E o pior, vir em minha direção entregando-me o objeto como quem diz: “pegue que o filho é teu”. Não, definitivamente não deixaria isso acontecer.  Decidi esconde-lo no apartamento em SP, coloquei-o no fundo da gaveta do armário do banheiro, mas ao abrir a gaveta, o trem emperrou e não dava para fechar. Ali não era  seguro, retirei, escondi em uma maleta que ficava no guarda-roupas, mas o receio imperou, decidi joga-lo fora, o medo de que alguém pudesse ver foi maior que o prazer do uso. Joguei no saco de lixo. No entanto, meu filho chegou do trabalho e disse:

__ Mãe, amanhã eu levo o lixo!

Entrei em pânico, imaginem se o pênis de borracha cai e quica no chão, saindo saltitante do elevador? Fui à lavanderia e o retirei, pensei em mil maneiras de me desfazer dele, cortar em rodelinhas para facilitar o descarte, colocar fogo para derreter, enfim, diversas possibilidades. Por fim, às vésperas da mudança do apartamento pensei, “vou deixa-lo na parte externa do fundo da gaveta do armário do banheiro. Foi isso que fiz, abandonei o pobre vibrador na penumbra de uma ampla suíte. Será que ele foi descoberto pelo novo morador? 

 

 

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