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A Simplicidade de Todas as Coisas

A Simplicidade de Todas as Coisas
Clávio Jacinto
jan. 19 - 4 min de leitura
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Um caso interessante ocorreu na terra de Lodeban, uma pequena ilha paradisíaca e remota, um lugar de prosperidade e conforto. Toda a ilha era cercada de arvores que chegavam até as margens das praias de águas azuis e turquesas, árvores e arbustos que floresciam durante todo o ano além de darem frutos suculentos aos habitantes, todos os dias em qualquer época do ano. Que lugar! Aos olhos dos habitantes a beleza da ilha era arrebatadora, sem contar com as fragrâncias que enchiam a atmosfera dia e noite.

Lodeban tinha duas vilas, uma ao norte e outra ao sul. A vila que ficava ao norte, era habitada por gente culta que ostentava muitas riquezas, exploravam o ouro e as pedras preciosas que tinha em abundância nas montanhas. Todas as casas eram requintadas, os umbrais das portas eram incrustados de pedras preciosas e as janelas revestidas de ouro muito puro. Suas carroças eram adornadas de perolas e as mulheres usavam muitas jóias. Ao sul ficava a vila dos homens simples, o povo dali vivia mais na contemplação, colhiam frutos e gostavam de passar cada entardecer e cada amanhecer observando a glória da luz do sol penetrando no espaço das nuvens e repousando sobre as colinas e vales cheio de flores de todas as matizes de cores. Tal era a exuberância de Lodeban, que havia uma espécie edêmica de rosas, cujas pétalas resplandeciam em tom prateado durante a noite.

O povo do norte não atentava a outra coisa a não ser cavar em busca de ouro, a vida era envolvida nas escavações, viviam quebrando pedras passavam longas horas e em franca exaustão na busca de pedras preciosas a fim de manter o status e fomentar ainda mais o glamour das suas mulheres. Na época de verão, o campo das luzes ficava cheio de pirilampos, mas não tinham tempo de apreciar o grande espetáculo. O povo do sul apreciava todas as noites a beleza extraordinária das lâmpadas bioluminescentes daquele vale. Mas os homens do norte viviam exaustos por causa das escavações profundas que faziam durante o dia.  Nas tardes de verão, uma chuva suave se precipitava sob as encostas das montanhas e um belo arco-íris formava toda à tarde, mas o povo do norte estava no subterrâneo da ilha, peregrinando debaixo da terra escura com tochas, revolvendo areias e pedras em busca de rubis e esmeraldas que se escondiam nos seios profundos da ilha. E os homens do sul, das suas janelas contemplavam a aquarela celestial.

Certo dia, num feriado insular, todos estavam vivendo um momento de descanso. Um vento forte arrojou-se frente às montanhas de tal modo que as pétalas das flores das árvores dos cimos se desprenderam, junto com elas se desprenderam muitas cerejas doces, e se precipitaram sobre os dois povoados, mas o povo do norte preferiu buscar conchas na praia, na esperança de encontrar algumas pérolas, e o povo do sul, abriram os braços para sentir a chuva de flores e perfumes que caiam sobre a ilha, colhiam também cerejas, muito parecidas com um maná vermelho, pois estavam  maduras, essas frutas eram deliciosas, tinham uma doçura saborosa e refrescante. Ali estava um povo alegre, desfrutando de um momento arrebatador, percebendo a alegria na simplicidade, mergulhando na vida pelo lado mais simples, penetrando na profundidade da beleza das coisas e envolvendo-se com aquelas coisas pequenas que fazem a vida ficar tão grande ao ponto de concluirmos que nas coisas simples e numa vida sem a complexidade da avareza e do luxo, é que podemos encontrar a janela da percepção aberta dentro do coração, de modo que a felicidade se encontra dentro das coisas mais simples que a vida sempre se dispõe a nos dar com freqüência em qualquer estação da nossa existência. A alegria estava sempre presente em Lodeban, e os homens do norte tentavam encontrá-la, onde apenas a sombra dela poderia ser desfrutada, a realidade das coisas que nos trazem a verdadeira felicidade está envolta na graça das coisas mais simples da criação.

 

Extraido do livro: A Transformação Interior

Autor: Clavio J. Jacinto

(48) 999947392

claviojj@gmail.com

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