Não sei se acontece o mesmo com vocês, mas quando ouço a respeito de gente que gosta de cortar árvores sempre penso no pessoal da motosserra. Espero que o pessoal da agropecuária não leve pro lado pessoal, mas penso neles também.
Por isso fiquei muito surpreso em saber que dessa vez era a dona Alexandra.
Segundo ela, foi a árvore que começou a provocação. Sujando seu quintal de segunda a segunda, inclusive feriados. O estopim, diz ela, foi quando após ter limpado o terreiro, essa árvore em questão, em menos de cinco minutos, sujou tudo de novo. Só podia ser de propósito.
A árvore era um Jacarandá-Paulista, por isso, dei 0,01% de razão para Dona Alexandra. Um Jacarandá-Mineiro ia ser mais comportado.
Continuando ...
Dona Alexandra, estava decidida, a vida do Jacarandá estava por um fio e data do assassinato marcada. Do fundo de casa, ela olhava para o ignóbil Jacarandá com uma satisfação maléfica.
Seria o fim do Jacarandá? Aguarde os próximos capi… Brincadeira!
Às vezes, a salvação mora em frente.
Do outro lado da rua, oposto à casa da Dona Alexandra, morava uma menina, o Jacarandá a amava. Sempre que o vento soprava, liberava suas folhas que a encontrava. Esse é o único modo de uma árvore abraçar quem ela ama. Por acidente, algumas folhas caíam no quintal de Dona Alexandra. O Jacarandá, como já disse, poderia ter sido mais comportado. Mas quem pode culpá-lo?
Contudo, Dona Alexandra o culpava, e em seus obscuros pensamentos, o matava. Quando o fatídico dia chegou, os homens da motosserra em seus desígnios arboricidas prosseguiram para concretizar o terrível corte. Mas não previram a menina.
Ela tinha ido retribuir o abraço, e motosserra alguma poderia separar tal coisa. A menina não largou do Jacarandá. Os homens insistiram, sem sucesso. Nisso o vento bateu.
As folhas se soltaram e abraçaram a menina. Os homens da motosserra, com seus corações endurecidos, finalmente se comoveram.
E o Jacarandá viveu.