INfluxo
INfluxo
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
MúsicaVOLTAR

The Outlaw Ocean Music: projeto une artista brasileiro ao jornalista investigativo norte-americano, Ian Urbina

The Outlaw Ocean Music: projeto une artista brasileiro ao jornalista investigativo norte-americano, Ian Urbina
Luciano Prado
abr. 22 - 3 min de leitura
020

Recentemente, oito artistas brasileiros foram convidados a participar de uma colaboração global focada não apenas na produção de músicas ímpares, mas também em uma promoção consciente sobre o oceano. Ironicamente, o Projeto Musical Oceano Sem Lei (The Outlaw Ocean Music Project) começou longe do mar - não dentro de um barco, mas em um carro em Washington, DC, nos Estados Unidos da América, com o jornalista vencedor do prêmio Pulitzer, Ian Urbina, e seu filho de 10 anos.   

Urbina passou os últimos anos relatando a ilegalidade no mar pelos cinco oceanos, 14 países e em todos os sete continentes. Em 2019, publicou o seu livro, The Outlaw Ocean, baseado em sua série feita para o The New York Times (direitos que posteriormente foram negociados com Leonardo Di Caprio e a Netflix para produção cinematográfica).  

Ian também lançou iniciativas e projetos relacionados a ele, concentrando-se principalmente na divulgação de informações sobre as violações ambientais, de direitos humanos e trabalhistas que ocorrem no mar. Um desses empreendimentos foi resultado daquelas viagens de carro com seu filho e amigos: The Outlaw Ocean Music Project.    

O The Outlaw Ocean Music Project é uma colaboração inédita. O resultado é um corpo musical cativante baseado na reportagem do best seller The Outlaw Ocean. Todo esse tempo passado no mar permitiu que Urbina construísse uma biblioteca de áudio de gravações de campo, como tiros de metralhadora na costa da Somália e cantos de marinheiros cativos no Mar do Sul da China. Usando o arquivo de som inspirados nas reportagens, mais de 400 artistas de mais de 60 países estão produzindo EPs em seus próprios estilos musicais, seja eletrônico, ambiente, clássico ou hip hop.   

A arte brasileira, que inclui Luciano Prado, também conhecido com o nome artístico Kumbhaka, Victor Lou, Gabriel Evoke e Rooftime, produziram interpretações musicais variadas, mas compartilham um objetivo em comum, criando conteúdo que conta histórias importantes. 

“Produzir música para o The Outlaw Ocean Music Project foi uma tarefa desafiadora, embora emocionante. Tentei criar um álbum em que cada faixa fosse conectada e, assim, surgiu uma história, com começo, meio e fim”, disse Gabriel Evoke, que lançou músicas em agosto de 2020.     

Kumbhaka, que foi destaque em abril de 2021, disse: “É uma honra para todo artista, como eu, fazer parte de um projeto tão grandioso. Ter a possibilidade de trabalhar com Ian, com uma equipe tão ampla e competente, tem um sabor muito especial. Apesar de ser um projeto amplo, os artistas são selecionados a dedo. Quando soube que meu trabalho chegou a um jornalista tão renomado e premiado, parecia surreal. E pra falar a verdade, ainda não caiu a ficha” 

    

Quando Ian escreve, costuma ouvir músicas instrumentais. Ele também procura trilhas sonoras para as coisas que vivencia. Em um navio, Urbina assistiu 40 meninos e homens cambojanos traficados trabalharem por dias brutalmente longos, e ele se lembra daquela noite: “Aquela foi uma cena em que os meninos comeram entre os turnos, no tempo do intervalo de duas séries na TV”, citou Ian, tentando polir suas notas e vasculhando uma lista de reprodução de canções instrumentais.     

Certas canções eram uma forma de estimulante, ajudando Urbina a se concentrar em condições perturbadoras - e muitas vezes perigosas. Outras canções serviram como uma pomada incrível para coisas profundamente testemunhadas. Ele escolheu Kumbhaka por sua sensibilidade assombrosa e pesada. Capturar as cenas na música era para ele um auxílio para a memória, pois com a música era mais fácil e eficiente para o clima de um momento.     

Quando Urbina lembrava-se mais tarde e tentava construir sua escrita sobre suas anotações no final de um dia de reportagem, ele ouvia as canções que marcava em uma página de rabiscos em seu caderno. Urbina voltaria a ouvir Kumbhaka enquanto se sentava para escrever a história. A música viria a incorporar mais do que suas palavras poderiam. Cada vez que Urbina ligava suas notas e uma cena a uma música, isso evocava imagens, sentimentos, um cenário inteiro.     

Entre todos os artistas participantes, há um público global de mais de 90 milhões, graças, em parte, à diversidade geográfica dos artistas participantes. Ao recrutar artistas de todo o mundo, o projeto convocou um exército de diplomatas culturais que estão falando, em sua própria linguagem musical, sobre as grandes preocupações que este reino marítimo enfrenta e as milhões de pessoas que trabalham ou dependem dele. Esse público é aquele que nunca poderia ser alcançado de uma forma jornalística tradicional e a receita que o projeto arrecada vai para a organização sem fins lucrativos que financia as reportagens futuras de Ian Urbina.   

Ouça em: The Outlaw Ocean Music Project 

Sobre a autora do texto: Holy Speck, assessora de imprensa da empresa norte-americana, Synhestesia Media, responsável pelo lançamento do EP escrito por Ian Urbina & Luciano Prado. 

Participe do grupo Música e receba novidades todas as semanas.


Denunciar publicação
    020

    Indicados para você