Ser, estar, permanecer ou ficar.
Sou velho?
Estou velho!
Permaneci velho?
Fiquei velho e não vi...
Não senti nem percebi.
O tempo passou e o a razão não percebeu que o corpo simplesmente envelheceu.
Mas e a memória, os sentimentos, onde estarão agora?
Estão aqui, intactos, vivos. Prontos para recomeçar!
Os sonhos, desejos, amores e novos voos a alçar.
Na velhice também se ama ou simplesmente padece?
Na velhice se engana ou simplesmente se esquece?
O que é a velhice afinal?
Do que se viveu é a soma total?
Do que se escolheu sou o que restou no final?
Mas se ainda sonho, será portanto um sinal
de que a velhice nada mais é
do que um imenso portal, que nos conduz
à ultima estação do terminal chamado tempo?
Sim!
Envelheci, e não percebi.
E de tudo que vivi, restou, sobrou,
a lembrança do que se fez.
Do que passou.
Dos sonhos que tive.
Dos amores que não vivi.
Das pessoas que esqueci.
Dos medos que perdi.
Das vidas que mudei.
Das crianças que formei.
E no que me transformei?
Pedaços, fragmentos!
Do ter e do querer,
Do saber e não saber,
Do existir e do viver,
Do fazer e desfazer
e ao fim,
fatidicamente
ser apenas mais um.
1º Lugar no XXII Concurso de Poesia e Prosa da Academia de Letras de São João da Boa Vista, categoria Poesia de 39 a 50 anos no ano de 2014