Morreu...
num coração apaixonado, a alegria
num peito sonhador, a ilusão
numa cabeça flutuante, a imaginação
num cruzamento perigoso, a crença
numa rua qualquer, a esperança
na vala comum, a inspiração.
Peço um minuto de silêncio...
Apenas um minuto de senso
Pra se velar em um silêncio doente,
mas, solenemente: a alegria/a ilusão/a imaginação/a crença/a esperança/a inspiração
do corpo humano infeliz,
no chão com o contorno em giz
com marcas no rosto de pavor
que um vírus invisível o atropelou,
na marquise/numa esquina/em seu lar/em um bar/em qualquer destino/com desatino/sem respeito da corrida/que já fez pela vida.
Embrulha-se em jornal
Sua história,
agora sem glória.
Sem planos,
não somará mais anos.
Virou estatística.
Jaz indefeso em uma lista.
Neste mundo imenso
para qualquer que seja esse ser
imploro, um minuto de silêncio,
porque hoje ele deixou de ser.
FIM