Toada
(Fabrício Manca)
Vendo o mundo aqui do alto
De um canto qualquer do mundo
Como o firmamento é baixo
E o horizonte tão profundo
Da calmaria que exibes
O que vejo é irreal
Sua nações são vilarejos
Onde arde o fogo do caos
E na fé caminha o homem
Entre cobras e espinhos
Entre cordeiros e flores
Um dilema dois caminhos
Há de convir que o mal
Anda a flertar com a luz
Cobras adornam de espinhos
A coroa de Jesus
Da explosão do universo
Aos versos do apocalipse
Forças opostas comungam
E bailam ébrias num eclipse
Onde antes reinava a Mata
O concreto é realeza
Cicatrizes pavimentadas
No rosto da natureza
O carrasco do congresso
Sacrifica a Mata virgem
A imensidão de outrora
Minha senhora é só fuligem
Minha senhora, olhe em volta
(Tu que entendes da beleza)
Impossível que não enchas
Seu coração de tristeza
Chagas do câncer do mundo
Ferem nomeio ambiente
O homem come a carne da terra
Feito célula doente
Os cacos da nossa história
Montam o espelho do futuro
Apodrece o fruto dessa flora
Antes de ficar maduro
Se por onde andas lento
O caminho inda amargura
O Deus que ouve o lamento
De toda e qualquer criatura
Há de iluminar seus passos
No destino que lhe espera
O fim dos tempos seu moço
É o esboço de uma era
No compasso da toada
O princípio do meu verso
Candeeiro na estrada
É o criador do universo
Coração abismo fundo
Lembra moda de viola
Apague a luz do mundo
O último que for embora
Apague a luz do mundo
Apague a luz do mundo
Apague a luz do mundo
O último que for embora