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Superação em Quarentena

Superação em Quarentena
Sdmee Martins
dez. 10 - 6 min de leitura
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Escrever… desde criança o que mais gostava e fazia era escrever, tinha diários, cadernos onde escrevia meus pensamentos, versos, e até diálogos das pessoas ao meu redor, depois lia em voz alta e ria, ria muito. Hoje amo escrever para mim é como um casamento; na alegria e na tristeza, na dor, na saúde e na doença, e acredito que só a morte vai nos separar; mas alguns acontecimentos contribuíram muito para isso.

No dia 01/06/2019, sofri um acidente, onde tive meu braço direito esmagado pela porta de um micro-ônibus, (conhecidos aqui em São Paulo como lotação), doeu demais e com vergonha eu não pedi ajuda.

Enquanto via e sentia a porta esmagando meu braço, eu só pedia para Jesus me dar força para tirar meu braço dali, temia perdê-lo,  e, alguns minutos depois eu consegui puxá-lo, ficou torto, quebrou minha mão, além de esmagamento dos tendões e dos tecidos moles. 

 O motorista viu o ocorrido afinal foi em frente o espelho que eles veem os passageiros descerem e, depois uma fonte da empresa, informou que o mesmo fez comentários a respeito no ponto final, mas quando desci pensando que o motorista ia me socorrer, ele simplesmente foi embora. 

 Enquanto estava com a mão e o braço imobilizado foi muito difícil, sou destra e o braço direito foi esmagado, era difícil até para ir ao banheiro, imagina escrever, aquilo me deu um choque, de repente não podia mais escrever, não podia mais fazer minhas anotações, e comecei a pensar o que eu poderia fazer, e dei um jeito, escrevia com as pontas dos dedos no notebook, até me recuperar, porém, em papel é complicado  até hoje o sinto pesado e doloroso.

Então em julho/2019 veio o maior golpe, após uma longa batalha judicial, numa separação conflitante, e um processo que se arrasta há onze anos, mudou o juiz do processo e o que eu mais temia aconteceu;  três meses depois, sem nenhuma oitiva nenhuma audiência nada, simplesmente o juiz decidiu tudo em favor do outro, mesmo ele nunca provando nada contra mim, no fórum as pessoas não têm que provar o que estão falando sobre você, você é quem tem que provar que eles estão mentindo , e mesmo quando você prova parece que nada mais que você falar vai servir.

 A decisão do juiz não sei baseada em que, me devastou, era injusto demais, era como nadar e morrer na praia, mas  eu não ia desistir, fui conversar com o advogado e refazer meus passos desde o início, mas quando estávamos recomeçando, juntando nossas provas, nos fóruns  e órgãos competentes, era março de 2020, e bem vocês já sabem, ela chegou, a COVID-19 e com ela a pandemia.

 O dia em que à Terra parou, não se fazia nada, todos de quarentena, outro golpe, que me levou a depressão, fiquei uma semana de cama chorando não tinha vontade nem de acordar, não podia fazer nada, parecia estar em uma camisa de força, com as emoções a flor da pele, quase entrando em parafuso, queria me enfiar em um buraco e só sair de lá quando as coisas se resolvessem, mas sabia que isso não ia acontecer, não adiantava eu ficar ali deitada, e morrer, seria pior porque acabaria não só para mim, mas também para aquele por quem luto, sua situação não mudaria.

 Eu chorava pedia para Deus me ajudar, para Jesus me dá uma luz, desabafava tudo que estava sentindo estava muito revoltada, e então como uma luz acendeu uma ideia em minha mente“ — Sim posso matá-los destruí-los e do jeito que quiser”, naquela mesma hora peguei o notebook e comecei a escrever meu romance policial, Crimes de um Processo (está em fase de acabamento, a pandemia claro,  atrapalhou um pouco, mas espero lançá-lo no ano que vem) e o rascunho de alguns contos, inclusive um já está na Amazon em: https://amzn.to/3oMIMGd chamado Pétalas de Flores.

Escrever é mais que uma válvula de escape, todos precisamos ter alguma. Escrever abriu minha mente de uma forma que comecei a ter várias ideias do que eu preciso fazer para resolver não só o meu problema e dos que passam pela mesma situação, mas também a ver mais fácil a  solução de muitos problemas. Dizem que quando a vida te dá um limão você precisa aprender a fazer uma limonada e escrevendo nessa quarentena, percebi que dá para fazer limonada, musse, torta, bolo, muita coisa com esse limão tão azedo.

O isolamento foi e está sendo difícil eu não consigo me acostumar com a máscara e fomos obrigados a nos afastarmos das pessoas.

 Mas também nos permite fazer reflexão, ler mais que é uma coisa que amo, olhar mais para dentro de nós, reestruturar, ressignificar nossa vida.  As vezes vamos absorvendo tantas coisas que falam para nós que nos perdemos de nós mesmos de nossa essência, com os “tombos” vamos nos desestruturando e precisamos parar olhar para o céu respirar fundo e reiniciar, e isso agora é possível, antes não nos dávamos tempo, íamos empurrando com a barriga, e isso não faz ninguém feliz.

 Precisamos de um tempo conosco, o isolamento nos proporciona isso, não foi de tudo tão ruim, eu estava muito deprimida, e as pessoas muitas vezes não sabem ajudar, por mais que queiram. Ficar falando para você levantar, que você não pode ficar deitada, não ajuda em nada, o que ajuda e poucos fazem é agir. 

Convidar você para participar de suas atividades, até para ir ao mercado, por exemplo, arranjando “desculpas” para estarem á seu lado, por quererem sua companhia, como era antes, levando você a se movimentar.  Ficar focado no problema não vai resolver,.

Aprendi muito observando aqueles que alguns chamam de deficientes, eu os chamo de especiais, muitos deles se superam como vemos nas Paraolimpíadas, não se prostram á suas limitações físicas, esses são especiais, especialmente fortes, resilientes que superam as adversidades da vida, são incríveis! Esses são os verdadeiros exemplos a serem seguidos.


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