Sede e gana
No descampado vi linda cigana
Enluarado canto de um doidivanas
E abençoado é o passo de quem ama
Comendo estrada, dentro sede e gana
De ver o mundo pela flor dos olhos teus
Cavar bem fundo e garimpar o que é meu
Viver na alma aquele sonho de um deus
E a vida que, num dia, a loucura assim se fez
(interlúdio)
Segura o cavalo encantado
Que é corpo do ser já sabido
Remando no mar do indizível
Pescando sementes do que não se quis
E andei muitos rumos e lá, as pedras que eu cruzei
Li a mão e o olhar que me inflama
Deixando a dor do desapego, a dor do desamor