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Ludmilla Tosoni
out. 29 - 2 min de leitura
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A casa em que nasci era muito cheia de "pés de árvore". Mangas, cajás, amoras, morangos, cajus, goiabas, graviolas e até uvas eu peguei lá. Ah, tinha coqueiro e também tinha bananeira. Cansei de fazer comidinha de papoula, adormecer dormideiras e fingir que o marimbondo morto era um fóssil que eu fazia na cera da vela. Sim, eu queria ser arqueóloga, mas também marinheira porque meus barquinhos de papel passavam na vala da água do tanque. Senti que estava amadurecendo quando subi a lage, cuja escada não tinha corrimão e lá chegando, não havia sequer um murinho. Sentava-me lá, chupava as mangas do vizinho que caiam do lado de cá e jogava os caroços nos moleques que jogavam bola. Obviamente não imaginavam que fossem da casa de minha avó porque a gente era criança direita e sossegada. Tu sabe que morar aqui me fez ver ninho de passarinho de novo, o calango que fugia quando eu chegava perto, parou aqui, nesse lugar. A borboleta, a rolinha que eu colocava na caixa de sapato pra quando caía do ninho. Aqui não tem todas as plantas da casa da minha avó, mas eu tenho amora e maracujá doce agora. Tenho samambaias e avencas, comigo ninguém-pode e espada de São Jorge. Meu tempo mudou e eu observo os ciclos. Os meus e da fauna e da flora que me rodeiam. Voltei. Voltei para o meu tempo. Não sou arqueóloga, mas sou escrevedora e historiadora, tenho uma pombagira do cais e tô perto do mar. Nao posso dizer que não me realizei.


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