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Quarentena e crianças com necessidades especiais

Quarentena e crianças com necessidades especiais
Instituto AME
nov. 18 - 3 min de leitura
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Os efeitos da pandemia sobre a saúde da população ainda não estão definidos. É claro, no entanto, que a pandemia irá afetar mais intensamente aquelas crianças e famílias que já apresentam fragilidades prévias.

Crianças com transtornos do desenvolvimento, com deficiências e doenças crônicas, pais com transtornos mentais, são algumas das condições que aumentam a vulnerabilidade ao estresse gerado pela pandemia.

A vulnerabilidade de crianças e famílias afetadas por transtornos do desenvolvimento e outras deficiências no contexto da pandemia é maior porque suas necessidades são maiores. Essas crianças necessitam de tratamentos intensivos, algumas vezes que compreendem todo o dia, todos os dias, e que não são substituíveis por atendimento on-line.

Necessitam de espaço para que possam correr, pular, o que exerce uma função de regulação das emoções.

Necessitam de fisioterapia, de acesso a aparelhos específicos, do toque do profissional que os atende. Além disso, a vulnerabilidade dessas crianças é maior porque frequentemente seus pais apresentam transtornos mentais, justamente associado ao fato de ter e cuidar de um filho com limitações.

Adultos com transtornos mentais enfrentam mais dificuldades para processar o estresse gerado pela pandemia: seja decorrente do isolamento social, de perdas econômicas, do medo da contaminação, do próprio confinamento em casa, que torna-se ainda mais estressante com as limitações e necessidades não atendidas de seu filho.

Com mais estresse, há piora das estratégias que usam para educar seus filhos, as relações se tornam desgastantes, criando e intensificando um ciclo negativo de relações pais-filhos. Essas famílias também frequentemente apresentam limitações financeiras, associadas às doenças crônicas, o que amplifica ainda mais as necessidades e limitações. Além disso, essas crianças e famílias estarão mais vulneráveis à própria infecção.

Não irão tolerar permanecer com máscaras, terão mais dificuldade em não levar mãos e objetos à boca, eventualmente terão condições pulmonares que os tornarão mais frágeis ao efeito da doença.

Crianças com transtornos do desenvolvimento, com deficiências e doenças crônicas, pais com transtornos mentais, necessitam de cuidados especiais e intensivos, sob pena de terem suas condições pioradas.

Crianças com necessidade de serviços presenciais contínuos devem ter acesso a eles, não dispensando os cuidados para evitar a contaminação.

Os serviços existentes precisam se organizar para isso. Se a continuidade de acesso não for possível, orientação aos pais para manejo de comportamentos disruptivos, estabelecimento de rotinas e atividades que possam mitigar os efeitos da falta de acesso aos serviços, bem como serviços de suporte emocional aos pais precisam ser criados.

Ferramentas de telemedicina são uma via especialmente útil e efetiva neste momento. Associações de pais são uma fonte importante de suporte e devem intensificar suas ações.

Cabe também ao Estado atender às necessidades dessa população, oferecendo recursos financeiros emergenciais e garantindo acesso aos serviços indispensáveis. De fato, os efeitos da pandemia ainda não estão definidos. Cabe à toda população transformar a pandemia em uma oportunidade para a coesão e solidariedade das comunidades e impedir que amplifique as desigualdades já existentes.


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