É na solidão do isolamento onde eu encontro a paz necessária para o revigoramento do meu ser.
A quarentena não é contra a doença, mas a favor de mim.
Não significa evitar uma possível contaminação, mas promover a descontaminação de mim mesmo.
Imaginava controlar tudo ao meu redor sem perceber a desordem que habitava o meu íntimo.
Mantinha-me, inconscientemente, prisioneiro de mim mesmo, abandonado no calabouço pútrido dos problemas da vida moderna, da incerteza do amanhã.
De repente, o mundo parou. Um estalo surgiu no silêncio, um raio de luz despontou na escuridão.
A quarentena transformou-se em desintoxicação.
Entre cabelos crescidos, barba por fazer e quilos a perder, reflito serenamente.
Quem sou eu? Quem é você?
Isolamento social virou empoderamento pessoal.
Não sairei desta pandemia da mesma forma que entrei. Aliás, que pandemia? Já nem sei.
Já não sou mais aquele lá. Sou este aqui. Renovado, revitalizado, reenergizado, reinventado.
São tantas reflexões, inspirações e construções. Tantas buscas, encontros e desapegos.
Impossível a mesmice. Chega da velha cegueira, da miserável mudez, da inflexível surdez.
A minha mudança é a mudança de tudo a minha volta.
A minha conquista é a conquista de todos.
O meu mundo é o mundo de todos.
Após a pandemia, nova quarentena. Plena, devastadora, definitiva.
Porque eu decidi ser eu mesmo, para mim mesmo, por mim mesmo.
E você?