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Pequena forma extraordinária

Pequena forma extraordinária
Jp Santsil
jan. 5 - 5 min de leitura
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Cansado da procura infinita do fora de si, ao estudar os muitos processos intermediários e primários do existir, em que se entregara a resolução de conflitos dualísticos do corpo-mente, espírito-matéria pelas muitas filosofias mesopotâmicas e posteriormente egípcias, gregas, hindus, hebraicas, árabes, ameríndias, yorubas e congolesas… absorveu o problema da existência mundana e consciência divina sobre outra pressuposição, e se perguntara em pensamentos avassaladores onde estariam os segredos superiores, senão dentro de si mesmo, em seu próprio corpo, psique e coração… resumindo… a vida do aqui e agora, o momento presente, o falar, o respirar, o agir, o sentir… enfim, o viver e depois morrer… a própria existência com todas as suas dores e alegrias, ilusões e fantasias… o bailar constante do bem e mal, em si, que o movimentava.

Passou muito tempo até agora na infinita busca externa do Grande Mistério, e olhando para si mesmo… se percebeu esse Grande Mistério.

Ao sentir-se misterioso, se envolveu em si mesmo com paixão, examinando a si por completo. Vira-se como uma fragrância do todo em tudo, e nele mesmo exalava um perfume do néctar dos deuses. E se auto questionou, dizendo em voz alta para si, em um diálogo monólogo do externo com o interno:

— Ó matéria pela qual sou constituído, veículo orgânico e atômico de mim mesmo… Ó Sagrado que habita em cada partícula e onda de energia em mim. Foste constituído pelos deuses a Ordem Magna da Consciência Una Superior… A Fonte em que jorra o rio da Sagrada Mística Sabedoria na física de mim mesmo… se te vejo fora não estou dentro, pois, sei que até o que julgo como fora saiu de dentro da outra forma individualizada de Ti mesmo. Então, tudo que saiu de Ti, deve por ordem e dever retornar a Ti. Porque se me conheço e sou conhecido, não é por mim, e sim pelo outro. O que é o externo, senão, o interno alheio exteriorizado em criação e concretização? Ó Sagrada Mística Sabedoria… divina, amada e desejada… te venero em mim mesmo, e a partir de agora não vejo e nem sinto diferença entre o eu e o outro, entre a mente e o objeto… ao te procurar em mim mesmo, percebi que tudo era eu, diferente de quando eu te procurava fora, onde tudo era o indiferente outro externo fragmentado, partidário e polarizado … estava eu perdido procurando fora o que sempre estava comigo. Ó Grande em mim mesmo, revela-se para mim! Porquanto, sou a chave da minha própria prisão… a resposta da minha própria pergunta… o achado da minha própria busca. Dentro de mim está o mercúrio, o sódio, o enxofre e todos os elementos para constituir o ouro puro dos alquímicos, forjado no forno do meu ser, constituindo a Grande Obra em mim mesmo. Assim Eu Sou! Sempre uma única coisa… o superior… o algo mais… o coletivo individualizado… a supra consciência multiversal uniforme que me forma.

Tornando-se ao ‘UM’, ao se livrar do julgamento que discrimina e separa todas as coisas, vira que o fragmento era uma mera ilusão e verdadeira ignorância… era a criança; o velho; a bela donzela; a senhora fragilizada; o rapaz bonito e valente; o fraco doente; o vivo; o morto; a barata; o verme; o cachorro; o tomate; a carne; o theion divino… não havendo em si e no outro diferença, a partícula se dissolveu em ondas de energia penetrando todas as coisas existentes inexistindo… e de todos teve compaixão, em que ele mesmo era o todo em tudo apaixonado.

O canto do grilo noturno era ele mesmo a embalar o movimento das estrelas no escuro dos céus…

Era o próprio galo o despertando pela manhã…

O gato ao caçar o rato…

A venenosa serpente a descamar-se…

O velho vizinho que lhe desejara bom dia era ele mesmo criando vínculos de proximidade em gentilezas…

O garoto arrogante e brigão…

O homem chato…

A lesma se rastejando em sua gosma…

O esquadro e o compasso de sua própria construção…

A mesma escada que tanto desce como sobe…

O engodo de si mesmo e a verdade do outro…

Assim, em sua livre busca se perdeu nele mesmo em quietude… se encontrando no outro em prisioneiro movimento… em um labirinto em que o dentro e o fora o representava inconscientemente no coletivo individualizado do ordinário Grande Ser em sua pequena forma extraordinária.

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