Quando abandonei meus papéis
E em seus braços caí
De poemas fiéis
Os meus sonhos vivi
E me envolvi em seus laços
Fiz meus os seus passos...
Acelerei meu compasso
Fragmentei-me em hiatos
E quando saudades
Tive de mim
Argumentou assim:
“Poesia-me sem fim!”
Quando me vi contra mão
E recolhi-me em segredo
Quando em solidão tive medo,
Recorri a Álvarez de Azevedo
Em identificação ao meu santo literário
Envolvi-me em ultrarromântico ideário
Você ironizou, criticou meu imaginário
Despertando-me em realismo “necessário”
Conheci os abismos
De sua magistral formosura
De seus lábios narcisos,
As palavras mais duras
À ventura de sua impiedade
Quiçá minha demasiada sensibilidade
Assim se fez então perceber
Que poesia vivida poesia deixa de ser!
Como pr´alma de poeta
Tudo vale a pena
Todo o meu penar
Valeu-me este poema!
Poeta ama a dor...
Ironia ou não
Poeta ama a dor
Se ela inspira ação!
Poeta ama a dor
Se ela é inspiração!
Pois o mesmo penar
Que me faz fluir para baixo
– Tal qual relação entre tinta e pincel –
É a mesma água que, em raios de Sol,
Eleva-me ao céu!