Lembro-me do meu encantamento nas tardes em que eu me perdia nos gibis de Maurício de Sousa, ou no planetinha de Saint-Exupéry. Lembro-me do meu espaço na biblioteca, onde grandiosos títulos me ensinaram a voar por inúmeros mundos, no deslizar de inúmeras páginas, no pulsar de inúmeras sensações, no correr de lágrimas de emoções que transbordavam ao fechar belíssimos livros.
Eu queria isso para a minha vida, trazer também a intensidade, a sensibilidade, o arrepio, minha honestidade, por meio da arte das palavras. Minha mente era tão fértil quanto um jardim florido, a leitura me fez assim. Era solitário empilhar tantos mundos em minha mente, sem ter com quem compartilhar. Foi assim que veio a escrita.
A literatura simplesmente esculpiu tudo o que sou hoje. Ela transcendeu a minha visão de mundo, presenteou-me com momentos inesquecíveis, me libertou das amarras da mente, e, ao mesmo tempo, me enjaulou em sua beleza imortal. A literatura me intensificou, me humanizou.
Através da minha jornada como escritor, hoje posso retribuir ao mundo o que ele deu para mim. Sou capaz de criar universos, marcar vidas, provocar risos e lágrimas, incitar reflexões profundas, trazer paz a corações desamparados e desvendar a mim mesmo em todo o processo.
Como afirmar que pessoas não são capazes de fazer magia, quando palavras simples, grafadas em papel, podem proporcionar tanto?
A literatura não apenas mudou a minha vida; ela a construiu meticulosamente, peça por peça. Cada palavra, um tijolo; cada página, uma obra-prima.