Anistia de um trilhão em impostos das petrolíferas, perdão de dívida milionária de igrejas enquanto pessoas vendem panelas para comprar pão e pé de galinha a espera de um irrisório auxílio emergencial, o qual é insuficiente para adquirir a cesta básica. Ajuda financeira aos banqueiros, manifestantes detidos a partir de uma ditatorial lei, impedimento de acesso à internet gratuita em escolas públicas. E se alguém falece por uma doença para a qual já existe vacina e este medicamento não está disponível porque o presidente decidiu não comprá-lo, quem é o responsável por essa morte? Genocida é sim o termo mais adequado para este governo – há uma intencionalidade clara na omissão de atitudes diante de tantas mortes.
Bolsonaro joga com as necessidades do povo num sadismo elitista com o intuito de causar uma convulsão social e com isso fechar o regime. Ele deseja impor um golpe dentro do golpe - um projeto radicalmente neoliberal de depredação do patrimônio público e que acabe com os últimos vestígios de elementos democráticos do país. Diante da omissão vergonhosa do Poder Judiciário e o apoio da classe empresarial, o presidente impõe o caos de centenas de mortes para chegar a esse escabroso intento de controle social.
Mas o que fazer para derrubar o governo genocida? Não se pode esperar até as eleições presidenciais. É preciso e de imediato que haja pressão das massas, uma luta popular. Para isso a esquerda precisa se organizar num bloco único e deixar suas rusgas de lado (como são as farpas entre lulistas e ciristas). Perante o povo ela deve se reinventar para ser o órgão hegemônico: indicar ações concretas e destruir sua satanizada imagem de que é "corrupta", "satanista", "maconheira" e derivados da postura identitária que ficaram no imaginário popular.
E assim coordenar ações que desgastem o governo - as paralisações marcadas para o dia 24 de março e capitaneadas por sindicatos podem ser uma primeira grande movimentação nesse sentido. A esquerda precisa se reaproximar do povo e ter a capacidade de uma organização política coesa.
Ações diretas como paralisações do setor produtivo devem ser estendidas ao máximo de categorias trabalhistas e com durabilidade de tempo - o que enfraquece o presidente e obriga o empresariado a negociar. São manifestações nacionais e sem expor sanitariamente a vida das pessoas. Além da atitude coletiva é necessário travar uma luta política no cotidiano. Ignorando os extremistas do negacionismo e dando atenção aos arrependidos e indecisos quanto ao governo - é necessário muito diálogo. Conversas em redes sociais, local de trabalho ou com familiares sobre a tragédia que representa o atual governante são fundamentais. É convencendo corações e mentes numa longa batalha que o bolsonarismo será derrotado.