“Cantar, dançar e viver a experiência mágica de suspender o céu é comum em muitas tradições. Suspender o céu é ampliar o nosso horizonte; não o horizonte prospectivo, mas um existencial. É enriquecer as nossas subjetividades, que é a matéria que este tempo que nós vivemos quer consumir. Se existe uma ânsia por consumir a natureza, existe também uma por consumir subjetividades. Então vamos vivê-las com a liberdade que fomos capazes de inventar, não botar ela no mercado. Já que a natureza está sendo assaltada de uma maneira tão indefensável, vamos, pelo menos, ser capazes de manter nossas subjetividades, nossas visões, nossas poéticas sobre a existência”. É sobre essa premissa de Ailton Krenak no livro “Ideias para adiar o fim do mundo” que nasceu a canção Nossa Terra. A parceria de Vivi Rocha e Tiê Alves começou a partir da leitura deste livro por Tiê, que começou a canção e levou-a até Vivi. Também influenciada pelo livro de Krenak e pela leitura de “O oráculo da noite” de Sidarta Ribeiro, Vivi costurou com Tiê uma canção/hino de quem busca uma forte conexão com a terra e com os saberes ancestrais como uma resposta aos tantos colapsos que presenciamos no mundo atual.
A faixa conta com a participação de integrantes da comunidade quilombola de Bananeiras - Ilha de Maré, que vive da pesca e enfrenta sérias dificuldades com questões de demarcação de terra e poluição por conta da exploração petroleira. Eles fazem coro e nos ajudam a lembrar que há coisas que nos pertencem que jamais estarão à venda.