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ME PEDIRAM PARA SER REAL

ME PEDIRAM PARA SER REAL
Daniela Cunha
ago. 29 - 5 min de leitura
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Me pediram para ser real. Paralisei. O que é ser real nos dias de hoje? Será que sou real? Minha gente, nem o próprio Real está valorizado, vocês viram o preço do dólar ultimamente? Se não viram eu lhes digo: 5, 39. Um dólar americano equivale a cinco e trinta e nove reais brasileiros. Isso agora, 22:26h do dia 28 de agosto de 2020. Me pediram para ser real, vou ser real e precisa, detalhista e vou te convencer que não existe nada real hoje em dia. Também vou contrariar muita coisa e vou provar que consigo entrar na sua mente. Por exemplo, se você está lendo este texto sem distrações do mundo “real” fora dessa tela e sem saltitar os olhos pelas palavras apenas para ter uma ideia do texto antes de gastar o seu tempo “real” lendo algo que não lhe agrade, você já deve ter pensado em alguma dessas três coisas: “claro que existe muita coisa real”, “verdade, nada mais parece real”, “mas o dólar já chegou a R$6,13”. Se não pensou, você não estava aqui, comigo, juntas nesse espaço-tempo irreal, no qual apenas minhas palavras chegam até você e, no máximo, meu nome e foto desse perfil, o qual você nunca terá a certeza se correspondem à realidade. Agora vou inovar por aqui, inovação é muito importante nos dias de hoje. Não sei, mas é o que todos falam, afinal, depois da roda a gente não parou de inovar e isso tem custado um preço bem mais alto que os 5,39 e se eu for começar a escrever sobre... Bom, peço que você abra uma outra aba nesse navegador e pesquise no google a palavra – adivinha, te dou duas chances – “real”, CALMA, ESPERA AÍ, NÃO VAI AINDA, peço que você pesquise “real significado” copie o resultado e cole aqui nos comentários. Ok, agora pode ir, vai lá, estarei esperando. Estou vendo que você não foi. Sabe o que isso significa? Eu também não, mas chutaria que tem relação com os problemas desse nosso contato que não é tão real quanto eu gostaria. Mas se você pesquisou deve ter visto que aparecem muitos significados, da realeza à realidade. A questão é que se você realmente parou de ler e pesquisou, nós executamos a mesma ação, assim como todos os outros que estão lendo. Isso parece nos colocar em um mesmo tempo, nos aproxima. É tão bom se sentir próximo, em contato, em convívio, em troca com alguém nos dias atuais, não? Retornando ao foco, diz-se real aquilo que existe verdadeiramente, que não é imaginado, ilusório, artificial. Com isso, após entrar na sua mente, cumpro agora com a outra ação prometida, contrariar. Me desculpa dicionário da língua portuguesa, mas a minha imaginação e de todos que estão lendo e divagando sob minhas palavras, me parece tão mais real que tantas outras coisas. Mas retornarei mais ainda, lá no início, quando disse que paralisei. A verdade é que tenho paralisado muito nos últimos meses. Quando paraliso me perco e demoro dias para me reencontrar. Me perco nas notícias, nos números, nas videoconferências, nas tentativas de entender qual o nosso problema. Uma humanidade sem empatia, que se fere. Uma realidade estranha. Por isso, retomo o ponto: nada mais parece ser real. Nem fantasia. Talvez terror. Agora você já sabe que quando eu falo real não estou falando daquilo que não é imaginado. Acontece que me pediram para ser real nesse texto e quando eu penso na minha vivência verdadeira, esse simples pedido assume uma conotação outra que me faz refletir tanto e querer compartilhar com você, até mesmo porque tenho certeza que durante este ano você já pensou estar vivendo em uma realidade paralela ou em um sonho, digo, pesadelo. Não sei mais se eu sou real ou um ser virtual que se comunica por códigos e só sobrevive presa a uma tomada. Mas sei que a arte, mesmo ficcional, é tão real. Atravessa. Adentra. Se aprofunda e nos une, mesmo que entre telas e entre estas palavras que digito. Você me convenceu, é, você mesmo, você nem sabe como, acha até que não tem como, mas sua figura de ouvinte chegou a mim, mesmo antes de existir. Incrível, não? Real? Aí já é outra história. Mas o que quero dizer, para finalizar, é que você me convenceu que sim, ainda existem coisas reais e sensíveis e nós aqui, somos prova.


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