- Eu te acho linda (eu diria isso a ela no primeiro encontro).
- Esqueci meu batom em casa, preciso voltar.
- As provas estão chegando.
- Será que meu vestido está bom?
- Oi Lucas, está com uma cara de sono.
- Eu passei a noite estudando.
- Oi gata, bom dia.
- Oi minha amiga, me empresta um espelho.
- Ai Letícia se eu não lembro de trazer você fica sem.
- O que foi Lucas?
- Ela está vindo.
- Quem?
- A Letícia.
- Ela nem sabe que você existe.
- O problema é que eu sei muito bem que ela existe.
- Tem cada menino esquisito nessa escola.
- Letícia, você está começando a reparar muito nos meninos.
- Olha aquele garoto loiro.
- O que tem ele?
- Cheio de espinhas, tímido e atrapalhado.
- Mas eu gostei do amiguinho dele.
- Eu não acredito que ela está olhando pra cá.
- Acho que ela não só está olhando pra cá como tá olhando pra você.
- Esquece os meninos, vamos procurar os homens desse lugar.
- Essa cor está boa?
- Gosto desse batom.
- Oi lindas!
- Oi queridas!
- Estão lindas hoje.
- Aff, mais um dia de aula. Por mim estaria no shopping.
- Oi Lucas. E esse cabelo? Não tem espelho em casa?
- A única vez que a Letícia olha pra mim na vida e estou com esse cabelo.
- Você ainda insiste nela? Não acredito.
- Escuta. Tem um cartaz no pátio oferecendo aulas de matemática. É seu?
- Não espalha que é meu.
- Alô? Lucas?
- Sim sou eu.
- Estou interessada nas aulas de matemática. Preciso para as provas de fim de ano.
- Eu posso marcar tanto na minha casa como na sua.
- Pode ser hoje as duas?
- Tudo bem.
- Você é o Lucas?
- Você....você....você é Letícia?
- Olha não quero estudar muito, mas quero ir bem nas provas. Se você puder fazer um milagre.
- Onde iremos estudar?
- No meu quarto.
- (Eu não acredito)
- Bom, por onde começamos?
- Como assim, por onde começamos? Onde estão seus livros?
- Não gosto de livros. Mas gostei de você.
- (Eu não acredito)
- Me fale um pouco da sua matemática.
- Hum...bom, podemos começar pela Equação de Segundo Grau.
- Podemos começar por você.
- Oi Lucas. Como foi com o primeiro aluno?
- Aluna.
- Melhor.
- Hoje tem mais uma aula.
- Você veio, que bom. Cadê os seus livros?
- Como “cadê os seus livros”?
- Você não trouxe?
- Pensei que iriamos fazer outra coisa.
- Você é pago para me fazer passar de ano e não fazer outra coisa.
- Sabe, essas mulheres são muito estranhas.
- Não, Lucas, você é estranho.
- Ela simplesmente não queria repetir o que aconteceu na primeira aula.
- Mas o que aconteceu na primeira aula?
- Acho que foi sexo.
- Se você já amava essa menina, agora você deve estar louco por ela.
- Fui movido por uma ilusão esquisita. Um menino como eu louco por uma menina como ela. Nunca tinha conversado com ela e ela nem sabia que eu existia. O que eu não entendo é o que ela viu em mim. O que meninas como ela veem em garotos como eu? Uma simples aula de matemática virou uma tarde de puro sexo, onde a minha primeira vez, a princípio perfeita, se tornou um drama. Por mais que eu pense nela todos os dias, a magia se perdeu. E todo aquele sentimento investido nela se dissolveu em minhas mãos. Sabe? Você sabe o que é o amor? Ela não sabe o que é o amor. E eu achava que sabia.