Dizem por aí que viver é uma das tarefas mais intrigantes que já existiu, a propósito, foi o que disseram ao senhorzinho que esperava pacientemente na fila do mercado mais frequentado do bairro. Em meio as tantas temáticas lançadas e discutidas naquela ala de espera apenas uma ecoou com mais frequência, refiro-me ao viver, mas não era qualquer vivência e, sim, uma que satisfizesse os anseios mais pertinentes do próprio ser. Então, aquele mesmo senhorzinho não se conteve em ficar calado e com educação interviu no bate-papo e pediu a palavra aos rapazes que debatiam sobre diversos assuntos. Pude observar o quanto ele entendia sobre o que estava sendo conversado, aliás apresentava conceitos diferentes sobre o viver – pensadores renomados e alguns até já manjados pelos mais jovens, enfim, este senhor sabia o que falava!
Foi a partir dessa simples, porém fértil interlocução que pude perceber que viver não se resume apenas aos prazeres físicos nos quais somente o seu corpo “degusta” os sabores que a vida tem a oferecer. Sim, viver vai muito além disso! Pena que algumas pessoas só percebem tal situação quando se encontram em maus lençóis e olhe aí o ser humano procurando abrigo ou quem sabe até consolo no que lhe parece agradável e reconfortante, pois ele fará uso do que chamam de livre arbítrio. Portanto, viver bem ou não é uma decisão que é disponibilizada ao seu crivo como se fosse uma espécie de “filtragem” das ocorrências da vida para que o ser humano possa escolher apenas uma dentre várias possibilidades.
Tudo bem que aquele senhorzinho detalhou muitas informações em um espaço de tempo considerável, no entanto, se eu fosse descrever o que ele falou passaríamos horas e horas até que encontrássemos o ponto final dentro do seu diálogo com os rapazes do mercado. Mas permita-me somente discorrer sobre uma das possiblidades do viver, embora várias outras foram discutidas ali, porém fiquemos com a possibilidade do viver bem ou a mesma pode ser entendida também como o bom viver. Esta possibilidade por sua vez foi denominada pelo senhorzinho como a “oportunidade” para se viver bem e olhe que ele falou no singular, pois segundo o mesmo, “a vida é única e não pode ser desperdiçada com coisas vãs”.
As “coisas vãs” das quais se referia o senhorzinho é tudo aquilo que leve o ser humano a se distanciar do que é simples, contudo, ao mesmo tempo é precioso. E por simplicidade ele elencava as eventualidades que só podiam ser sentidas e provadas em vida como, por exemplo, receber um abraço de alguém que se ama. Este mesmo senhorzinho explicou todas as possíveis eventualidades que podem contentar o ser humano, tornar sua vida mais tranquila e leve; dito de outro modo, algo que lhe dê motivos para seguir em frente mesmo diante das adversidades.
Devemos sempre considerar os que desejam viver com intensidade, com saúde ou qualidade de vida seja lá qual for a maneira escolhida para se viver, que seja, em algum grau, uma vivência autêntica e feliz; sobretudo, porque a oportunidade está em nossas mãos. Aquela possibilidade denominada pelo senhorzinho, no qual encontrei na fila do mercado, como “oportunidade” não se deve deixar ir embora, pois assim como a vida é passageira as oportunidades que surgem diante de nós são escapadiças.