Exaltada ou tímida,
ela falta alto ou murmura.
Escuta, olha, ri.
No relevo de seu rosto,
sol e nuvens se alternam.
Às vezes, vendavais.
De vez em quando, pelas janelas da alma,
assomam fantasmas,
aquela herança de sombras íntimas,
nossos tiranos companheiros.
Alguns ela expulsa, corajosa,
e recupera espaço
dentro de sua própria casa.
Outros ela recolhe e fecha as persianas,
temerosa de que, se repelidos
por vingança levem consigo
algumas de suas suaves esperanças.
(Aquelas frágeis certezas
que o tempo despedaça ou cristaliza).
E ela retorna.
Me encontra.
Retoma a conversa.
Pelas frestas das persianas os fantasmas espiam,
encolhidos à luz do sol que brilha na calçada.