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FLUIR

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Vana Miletto
mar. 18 - 1 min de leitura
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Sou eu viajante do tempo,

um andarilho a caminhar.

Desfaço-me no compasso do vento,

refaço-me como nas águas do mar.

Sou eu amante do tempo,

em terra estendo o altar.

Minha oração elevo ao templo,

dissipo-me como névoa no ar.

Sou eu tempestade e tormento,

também pequena garoa a bailar.

Chuva fina espalhada pelo vento

que caminha na beira do mar.

Sou eu a água e o lamento,

meu canto ecoa no ar,

minha prece se espalha no tempo,

minha alma se junta ao mar.

Sou como o Sol que aquece

A vida, a alma do mar.

Vez ou outra, carrego alegria,

às vezes me faço chorar.

Sou muitas e me junto a terra,

em barro gosto de estar.

Na água refaço-me inteira

e sempre desaguo no mar.

Meu riso eu solto no tempo,

meu choro deposito no altar.

Minha angustia deixo que o tempo

Possa um dia finalmente curar.

E assim visto-me do tempo

Navego no compasso do ar,

carrego as delicias do vento,

comando a força do mar,

dissipo-me em mil pensamentos,

refaço-me nas águas do mar.

 

Poesia classificada em 2º Lugar no XXVII Concurso Literário de Poesia e Prosa da Academia de Letras de São João da Boa Vista/2019

 

 

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