Sou eu viajante do tempo,
um andarilho a caminhar.
Desfaço-me no compasso do vento,
refaço-me como nas águas do mar.
Sou eu amante do tempo,
em terra estendo o altar.
Minha oração elevo ao templo,
dissipo-me como névoa no ar.
Sou eu tempestade e tormento,
também pequena garoa a bailar.
Chuva fina espalhada pelo vento
que caminha na beira do mar.
Sou eu a água e o lamento,
meu canto ecoa no ar,
minha prece se espalha no tempo,
minha alma se junta ao mar.
Sou como o Sol que aquece
A vida, a alma do mar.
Vez ou outra, carrego alegria,
às vezes me faço chorar.
Sou muitas e me junto a terra,
em barro gosto de estar.
Na água refaço-me inteira
e sempre desaguo no mar.
Meu riso eu solto no tempo,
meu choro deposito no altar.
Minha angustia deixo que o tempo
Possa um dia finalmente curar.
E assim visto-me do tempo
Navego no compasso do ar,
carrego as delicias do vento,
comando a força do mar,
dissipo-me em mil pensamentos,
refaço-me nas águas do mar.
Poesia classificada em 2º Lugar no XXVII Concurso Literário de Poesia e Prosa da Academia de Letras de São João da Boa Vista/2019