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ENTREVISTA COM EDER JOFRE

ENTREVISTA COM EDER JOFRE
Ivo Santos Cardoso
abr. 17 - 7 min de leitura
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Entrevista com o bicampeão mundial de boxe

“Ah, o fumo é o único vegetal que eu não consumo!” exclamou Eder Jofre, bicampeão mundial de boxe, categoria dos Penas, hoje afastado dos ringues. A enfática declaração foi feita aos redatores de Mocidade, Ivo Santos Cardoso e Almir Fonseca, no Clube Espéria, em São Paulo, onde o desportista passa boa parte do tempo livre.

AGORA A FAMÍLIA

À vontade, sentado no banco de cimento, junto da esposa, Cidinha, Eder fala de sua decisão de abandonar o boxe e aponta algumas vantagens imediatas. “Agora posso me dedicar mais aos filhos, à minha família. E também desfrutar mais algumas coisas que não me eram possíveis, como o clube, passeios etc.”. A esposa concorda, afirmando que “foi bom que ele parou”.

É o início da entrevista, mas Eder já demonstra preocupação em deixar claro seu modo de vida equilibrada: “Não sou de perder noites, ficar até de madrugada na rua, em boates ou festas. Prefiro uma festa em família”.

NA TV

Não tem sido muito fácil, para Eder, que nos 25 anos de sua carreira pugilística viveu às voltas com viagens, contratos, lutas e compromissos no Brasil e fora dele, lutas e compromissos no Brasil e fora dele, encontrar a tranquilidade que procurou afastando-se do esporte. Recentemente o boxeador resolveu participar de um programa respondendo a perguntas sobre a vida de Cassius Clay (ou Muhammad Ali). As pesquisas sobre a vida do lutador norte-americano e suas constantes viagens ao Rio para as gravações tiraram-lhe muitas noites de sono.

Eder foi impulsionado a participar do programa por motivações que iam além de 800 mil cruzeiros oferecidos a quem chega à etapa final. Ele acredita estar apresentando diante do público luma nova imagem do boxe, menos violenta, diferente da apresentada com freqüência nos filmes. “Quero mostrar que depois de lutar durante 25 anos ainda estou com os reflexos em ordem”.

PARA A ESPOSA, BOXE É PERIGOSO

Apesar de seu esforço para mostrar novos ângulos que atenuem a rudeza do esporte, sempre haverá quem leia as notícias dos prejuízos físicos sofridos nos ringues. E, por ironia, a própria esposa de Eder desabafou dizendo ter ficado contente com o afastamento do esposo pois “o boxe, queiramos ou não, é perigoso”. Por ocasião das lutas de Eder, Cidinha, declara que “ficava sempre muito nervosa”.

Descendente de uma família tradicionalmente devotada ao boxe, Eder acredita que teve sucesso por haver incorporado habilmente todas as orientações de técnicos e familiares entendido no esporte. “Fui captando uma coisa de um e de outro até chegar onde cheguei”. Mas Eder não esquece o povo, pois “muitos na rua me incentivaram a ganhar o título mundial”.

Abominando cigarro e bebidas alcoólicas e também atribuindo à ausência de vícios parte de sua vitória, Eder abriu largo sorriso quando indagado por que não faz propaganda de produtos tóxicos como fumo e bebidas. “Essa é a melhor pergunta que você me fez”, disse, e continuou afirmando que durante toda sua vida tem dado muitas entrevistas mas “pouquíssimos fizeram essa pergunta, se é que alguém a fez”.

“FUMO MATOU MEU PAI”

Éder é categórico contra cigarros e bebidas. Ele acredita que seria muito prejudicado em sua carreira caso fumasse. Com a morte do pai, Eder descobriu mais uma razão para lutar contra o fumo: “Quando meu pai sentiu que estava com câncer no pulmão, largou de fumar, mas infelizmente era tarde. Quando papai morreu o médico disse que a morte dele foi ocasionada pelo fumo, pelo menos em 99%. Ele fumava muito: até três maços de cigarros por dia”.

Emocionado com a lembrança do pai, a quem deve grande parte de sua vitória no esporte, Eder passa a discorrer longamente sobre o fato de o hábito que assassinou seu pai continuar ainda sua obra destruidora. E adverte que “alguns poderão dizer: ‘mas eu não fumo tudo isso’. Calma, infelizmente você talvez chegará, lá, num momento de aflição, de nervosismo, de tédio.

“O QUE É O VÍCIO!”

Eder parece ler avidamente tudo que lhe cai nas mãos sobre fumo e seus prejuízos. Pedindo desculpas “e encurtando a história para não ficar uma entrevista chata, pessimista”, conta a história de um fumante que atacado de câncer na garganta ateve que aprender a falar por meio de um aparelho colocado no pescoço. Horrorizado Eder continuou dizendo que o homem estava tão viciado que passou a fumar “por aquele furinho que tinha na garganta”. E concluiu penalizado: “Veja só o que é o vício!”

Juntamente com frases que demonstram sua repulsa ao fumo, Eder faz uma declaração surpreendente quando diz, sério: “Não vou dizer que não bebo”. Olha para o repórter, e, deliciado com a surpresa, arremata dizendo que “bebo água, suco de fruta, vitaminas”.

Comentaristas esportivos de toda a imprensa brasileira têm observado com surpresa a extraordinária resistência de Eder que se tornou bicampeão mundial numa idade em que a maioria dos boxeadores são considerados velhos demais para sequer lutar. Eder acredita que o segredo de sua resistência deve-se ao fato de não comer carne, alimentando-se com um regime vegetariano equilibrado.

REGIME DE CAMPEÃO

Coalhada, germe de trigo, leite, melado, pão e manteiga estão presentes nas refeições de Eder pela manhã. Al almoço, saladas, verduras, arroz – “recomendo o arroz integral” – ovos fritos ou cozidos podem estar servidos ao almoço. “Gosto de comida diversificada”, diz o campeão. E acrescenta: “E não como muito”.

Eder, que nada come nos intervalos entre as refeições, reafirma que só come carne vegetal. “Quando me perguntam se como peixe, frango, eu respondo: ‘E o que é isso? Não é carne?’ Alimento-e também de ovos e leite, frutas, verduras. Tudo muito equilibrado”.

O DESAFIO DO MOTORISTA

Observando de perto, equilíbrio sempre foi uma das características de Eder Jofre. E este se revela também quando provocado. Há algum tempo um motorista de táxi o desacatou na rua, desconhecendo que seu passageiro poderia causar-lhe consideráveis estragos se utilizasse um de seus poderosos diretos.

Recordando o incidente, a esposa do boxeador declarou que pediu paciência a Eder, que ficasse calmo, pois não valia a pena discutir. E o motorista foi embora. “Nem sequer soube que havia discutido com Eder Jofre”, concluiu Cidinha.

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