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É pra voar, com ou sem medo

É pra voar, com ou sem medo
Raquel Ribeiro
dez. 25 - 1 min de leitura
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É uma dor física: pedra no peito, embrulho no estômago, respiração curta e pesada. Rosto contraído, envelhecido. Mente turva, coberta de nuvens cinzas.

Assim acordei após constatar, mais uma vez, que o tratamento antiepiléptico não está funcionando. Minha filha tem 14 anos e, desde os cinco, crises convulsivas minam nosso sossego.

A cada nova medicação, esta fenda é tampada com altas doses de esperança. Por dias, semanas e até meses, o medo se encolhe. Sei, porém, que fica à espreita, pronto para dar o bote. E meu coração fica em suspenso a cada enjoo – sinal de possível desencadeamento para uma ausência ou convulsão.

Em busca de aplacar a sensação de impotência, peregrinamos em consultórios médicos e centros religiosos... Acendemos velas a todos os santos, diplomados ou etéreos.

Tantas fichas já usadas, sinto que há cada vez menos a ser feito, além da cirurgia no cérebro. Decisão que agora cabe a ela.

Participo de vários grupos de Epi e, claro, há casos infinitamente mais graves e complexos. Impossível, porém, não sentir a tristeza dessa limitação imposta. Nossa menina, tão responsável, simplesmente não pode ficar sozinha, nadar sem alguém olhando, sair de bicicleta sem ter o trajeto monitorado...!

(Ah, quando vejo jovens saudáveis com a vida escorrendo pelos dedos... Sério, que desperdício!)

Last but not least, é ela na foto. Com ou sem riscos, voa cada vez mais alto.


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