As
ruas estão cheias dessa gente chata e absurda
que faz do notório a sua única ambição
movidos a dinheiro, óleo, álcool, diesel e
gasolina
cumprindo mais um dia sua estúpida missão (“Eu
não tô nem aí”, Raul Seixas).
21
de agosto, como acontece há 34 anos, se comemorou o Dia da Saudade. Triste dia
porque foi quando o nosso querido Raulzito nos deixou. Na 34ª Passeata Raul
Seixista/SP algumas camisetas carregavam os seguintes dizeres: “Hoje é segunda
feira e decretamos feriado!”. O maluco beleza merece, não é? Ainda mais em dias
tão reacionários como os de hoje....
Antes das
14 horas já havia muita gente tomando as escadas na frente do Teatro Municipal.
E veio num crescendo tarde adentro; todo tipo de roupa e adereços relacionados
a Raul Seixas. E assim foi, e sempre na cantoria, de modo que uma vez a escadaria
lotou, veio a calçada, a rua, chegando até a frente daquele prédio que um dia
foi o Mappin, mais recentemente as Casas Bahia e, agora fechado, à espera de
mais uma unidade do SESC.
Momento
de confraternização, reencontro de pessoas curtindo o clima seixista e as
letras das músicas. Se Raulzito estivesse vendo, talvez dissesse “eu vi, eu vi, eu vi....” e mais, “eu
sou, eu sou, eu sou” aquele que reúne tanta gente até hoje...
Às 18
horas em ponto as adeptas e os adeptos de uma sociedade alternativa saíram em
passeata e atravessaram o Viaduto do Chá.
“Você
tem dois pés
Para cruzar
a ponte
Nada
acabou
Não!
Não! Não! (“Tente outra vez”, Raul Seixas)
E a
passeata entrou pela Libero Badaró, no final contornou a Praça Ouvidor Pacheco
e Silva, passou em frente ao Largo São Francisco, enveredou pela Benjamin
Constant e deu de cara com a Praça da Sé.
Em quem
lá já estava recepcionando os seixistas? Nada menos que o grupo IRA cantando “Feliz
aniversário, envelheço na cidade”.
A música
seguinte foi “Vida passageira” com toda ênfase para “Mas, meu amigo, não dá pra
segurar, não dá pra segurar, não dá pra segurar, não dá pra segurar, desculpe
meu amigo, mas não dá pra segurar”.
Depois
veio a música que o IRA fez com o Raulzito: “Pai Nosso da Terra”.
Em seguida tocaram “Mosca na sopa”.
“E não
adianta
Vir me
dedetizar
Pois
nem o DDT
Pode assim
me exterminar
Porque
você mata uma
E vem
outra em meu lugar”
Ao final
o Nasi agradeceu as pessoas ali presentes por existirem e
disse “vocês são a mosca que inferniza os racistas, os homofóbicos e o
Bolsonaro”. Evidentemente muito aplaudidos, o grupo deu vivas ao maluco beleza e se despediu.
E as muitas
atrações rolaram numa lotada Praça da Sé.