Os casulos as conchas, barris, paredes e unhas que rasgam a superfície
As unhas trituram a tintura
As unhas descascam, deixando amostra a camada agonizante
A solidão desesperada enclausurada
Como um cão de rua que conhece o bairro
Capturado e trancado
A prisão mental que os dedos não tocam
O desejo inalcançável que voa sozinho pelas mãos
O tesão insaciável
O corpo é um só
O desespero nada mais, além de unhas
Que descascam as manchas mal feitas
E abrem o cimento, o tecido adiposo, o esmalte perolado da ostra
Por dentro, tijolo, sangue e calcário
Por dentro morte
Por dentro doença antiga, mal tratada
Colonização e desigualdade
Por dentro do planeta, a mutabilidade inevitável
Por dentro do corpo, vírus
Por dentro das casas, pânico
Ou esperança do mundo virar do avesso
E se reinventar
Por dentro do inconsciente dessa geração
Rastros psicossomáticos de revolução internalizada
Dentro das grandes corporações, planejamento
A calma milionária
O conforto liberalizado
Preparem as bandeiras
Paguem com a sua força de trabalho depois que o globo voltar a girar
O que sobrar da Terra
O que sobrar do frágil homem
O que sobra são raspas de unha
Garras cortadas
Pra quem nunca teve parede nem teto, roer
VOLTAR
DENTRO
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