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Dentes de Leão

Dentes de Leão
Ludmilla Tosoni
out. 9 - 2 min de leitura
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Me mudei. Nessa casa não há ainda espelhos grandes. Apenas um, antigo, que era do banheiro do apartamento antes desse último. Não tinha conseguido ainda parar e me olhar. Olhos, boca, mãos, barriga, mente. Mente. Não me vi esses dias todos. Minha mente se afundou em aflições e indigestões fora de hora. Escoaram limos, papéis, folhas secas, até as verdes, que me foram arrancadas, a contragosto, grifo meu. Tudo pelo ralo, que aqui, fica numa área externa. Nessa área venta, chove. Molha tudo. Pés, cabelos, roupas. Nem sempre consigo tirar tudo da chuva. Por vezes corro, aflita, para que os pingos não caiam sobre o que me importa. Nem sempre tudo permanece seco. Cabe lembrar que o clima tem sido instável. Falo da temperatura climática, acho. E depois que chove, os pés pisam numa água aquecida pelo sol. Inconstante. Confuso. Não vou mentir, já vi estrelas lindas dali também. A lua cheia dessa semana ficou bonita entre os galhos do que pareciam ser mini dentes de leão. Bom, tem doído todo dia, não nego. Chuva, sol, vento. Até meu cabelo caiu. A fronte está cheia de cachos que resistiram, curvaram-se, mas sobrevivem. Arrebentaram como as folhas, que se foram num vento forte que passou essa semana. Das folhas eu soube porque vi, tenho a área externa agora. Os cachos eu só vi hoje, me falta o espelho do jeito que estava antes. Será que se foram essa semana, junto com as folhas? Antes que eu perca tudo, preciso aprender a andar até o espelho antigo, porque as folhas e os pés eu já consigo ver. Mas meus cabelos, os que ficam sobre minha mente, eu não reparei. Eu sei, você nem percebeu também.


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