Canto manifesto que narra uma jornada de reconexão com a Terra.
Organismo que transcende fronteiras e respira em unidade.
Sangue e seiva num só corpo pulsando a vida que nos atravessa.
"Povos da Floresta" foi cocriada num momento de profunda busca do essencial, do elementar.
Quando virei a chave de que a nossa ancestralidade inclui as árvores, os animais e todo o reino mineral, fui tocada por uma reconfortante sensação de pertencimento.
Também, um instante de afirmação da minha missão nessa existência de atuar com os povos originários do Brasil.
Arte-magia que manifestou as minhas idas à Floresta Amazônica, registrada às margens do Watu, o Rio Doce, em Minas Gerais.
POVOS DA FLORESTA
eu vim
na curva do rio
na taça do lírio
nas asas do gavião
eu vim
na gota do orvalho
na sombra de um carvalho
no risco de um carvão, eu vim
mas pra força do canto chegar
foi preciso silenciar
saber ouvir no pulso do coração
a voz que vibra do chão
a poesia estelar
eu sou
a onça pintada
a jiboia encantada
os mistérios da mata, eu sou
e vou
na queda da cachoeira
desbravando fronteiras
uma nação inteira, eu sou
sei que querem silenciar
nossa tribo acinzentar
e vou seguir
no sopro de um xamã
no raio de deus Tupã
nos braços de Iemanjá
mais que nunca é preciso cantar
por amor vamos guerrear
e fazer florir
o fruto de cada grão
as cores na escuridão
o canto da sabiá
heya heya heya...
eu vim para me unir
aos Povos da Floresta
Composição / Interpretação / Edição: Ivy Morais
Filmagem: Márcia Cordeiro de Morais
Local: às margens do Rio Doce / MG